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Advogado diz que recebeu R$ 1 mi do PP para defender Ronivon Santiago
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O advogado Paulo Goyaz, 50,
disse ontem que recebeu do PP
cerca de R$ 1 milhão, em dinheiro, para defender o deputado federal Ronivon Santiago (PP-AC)
em 36 ações judiciais por suposta
compra de votos.
Goyaz diz ter recibos que comprovam o recebimento do dinheiro, mas não quis fornecer cópias à
reportagem, por "razões de sigilo
profissional". Também não quis
mostrar os contratos assinados
com o PP.
Ronivon foi envolvido como
beneficiário do esquema ilegal de
repasse de recursos de contas do
publicitário Marcos Valério de
Souza pelo presidente da Câmara,
Severino Cavalcanti (PP-PE), em
entrevista publicada ontem pela
Folha.
A versão de Severino, inédita,
tenta justificar os saques feitos
por um assessor da liderança do
partido na Câmara, João Cláudio
Genu, das contas de Valério. Segundo o presidente da Câmara,
R$ 700 mil foram usados no pagamento de despesas advocatícias
de um único deputado, Ronivon.
Há uma discrepância de valores, no entanto: Severino diz que
foram sacados R$ 700 mil; o advogado diz que recebeu R$ 1 mlhão.
"Recebi quase R$ 1 milhão. Descontados impostos, deu R$ 700
mil líquido. O valor me foi entregue em dinheiro, na tesouraria do
PP, que fica em uma sala da Câmara", afirmou o advogado, que,
ironicamente, é filiado ao PTB,
partido que acusa o PP de se beneficiar do "mensalão".
O dinheiro teria sido pago em
duas parcelas: uma em setembro
de 2003 e outra em janeiro de
2004. O portador foi um advogado do PP, que Goyaz identificou
como Valmor Jiavarina, que teria
morrido no início desse ano.
"Me disseram que tinha de ser
em dinheiro, porque havia um
problema com a conta bancária
do PP, que impossibilitava a
transferência. Mas ninguém deu
detalhes", disse o advogado.
Goyaz disse que não sabia que o
dinheiro era oriundo de conta de
Valério, ou que teria sido sacado
por Genu. O advogado teria ainda
outros R$ 240 mil a receber.
O presidente do partido, deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE), teria sido o signatário do
contrato, que data de 2002. Corrêa ontem foi procurado, mas não
telefonou de volta. A reportagem
pediu cópias dos recibos e do contrato, também sem sucesso.
Ronivon também não foi localizado. Segundo sua assessoria, ele
estava no interior do Acre.
O deputado tem um longo histórico de problemas judiciais. Em
1997, foi gravado admitindo que
recebeu R$ 200 mil para votar favoravelmente à emenda da reeleição. Acabou renunciando.
Na eleição de 2002, Ronivon sofreu ações eleitorais e criminais
por comprar votos. Acabou sendo preso por alguns dias e teve o
mandato cassado pelo Tribunal
Regional Eleitoral em julho do
ano passado. Seu advogado recorreu e obteve uma liminar que
mantém o deputado no cargo.
O líder do PP na Câmara, José
Janene (PR), afirmou que os recursos sacados por Genu foram
destinados integralmente para
pagar o advogado.
(FÁBIO ZANINI)
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