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Vice contesta presidente da Câmara
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
A defesa feita pelo presidente da
Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), de uma pena "branda" a deputados que usaram dinheiro de
Marcos Valério para pagar dívidas de campanha é contestada pelo primeiro vice-presidente da
Casa, José Thomaz Nonô (PFL-AL). O pefelista se diz convencido
da existência do "mensalão" e diz
que isso já é "mais do que suficiente" para cassar os envolvidos.
Folha - Severino Cavalcanti disse
que não acredita na existência do
"mensalão" e que o que existiu foi
caixa dois de campanha, não passível de cassação. O sr. concorda?
José Thomaz Nonô - Não. O presidente Severino pode externar
posições pessoais, mas é o presidente da Casa. Algumas colocações da entrevista podem prejudicar o bom conceito da Câmara.
Folha - Quais?
Nonô - Em primeiro lugar, a
existência do "mensalão". As pessoas têm de distinguir o que é prova no sentido processual do que é
convencimento no sentido parlamentar. A Justiça exige uma série
de requisitos sobre os quais não
me cabe falar. Aos parlamentares
se exige apenas percepção. É por
isso que muitos condenados no
Parlamento são absolvidos na
Justiça. Porque tratamos de uma
abstração que se chama decoro
parlamentar. Eu tenho convencimento de que houve "mensalão".
Acredito que parlamentares receberam dinheiro. Ponto.
Folha - O fato de não ter havido
periodicidade mensal descaracteriza a quebra de decoro?
Nonô - A mim não interessa se
era mensal, semanal, semestral,
episódico. O que importa é o ilícito. Se não querem chamar de
"mensalão" podem chamar de
compra de deputados. O que importa é que o sujeito recebeu dinheiro para mudar seu voto, mudar de partido, apoiar o governo,
e isso é motivo mais que suficiente para cassar.
Folha - O sr. acha que a Casa caminha para adotar a tese de que não
houve "mensalão" para, com isso,
reduzir as cassações ao mínimo?
Nonô - Na Casa há uma ampla e
discreta maioria que quer realmente apurar. A essa ampla
maioria ética ainda se junta uma
minoria pragmática que sabe que
no ano que vem a opinião pública
será implacável se esta Casa for
condescendente com a falta de
ética e de decoro.
Folha - O fato de as denúncias estarem disseminadas por vários partidos não contribui para acordão?
Nonô - Acho que não.
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