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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ACORDÃO OU CASTIGO?
Vice afirma que Brasil precisa ser passado a limpo, mas que generalização, na investigação dos parlamentares, não é bem-vinda
Alencar defende cuidado com cassações
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao comentar as acusações que
podem levar à cassação 18 parlamentares, o vice-presidente da
República, José Alencar (PL), afirmou que "o Brasil precisa ser passado a limpo", mas que não podem haver generalizações porque
"cada caso é um caso" e as pessoas
podem ter recebido dinheiro "de
maneira diferenciada".
"O Brasil precisa ser passado a
limpo, isso não pode continuar
acontecendo, o homem público
tem que compreender que a vida
pública é vida de sacrifício, não é
vida para que ninguém se locuplete. Isso tem que acabar."
Logo em seguida, Alencar defendeu cuidado ao punir os parlamentares investigados e chegou a
parafrasear o ex-premiê britânico
Winston Churchill (1874-1965)
para dizer que a decisão de cassar
deputados deverá ser democrática e feita pela maioria absoluta do
plenário da Câmara, com a análise da situação individual dos acusados e amplo espaço para defesa.
"No caso desta lista de pessoas
que estão para ser punidas, há os
que podem ter participado de algum recebimento de recursos de
maneira diferenciada em relação
a outros. Isso vai ser objeto de plenário da Câmara, haverá oportunidade de defesa." E emendou:
"Cada caso é um caso. Só porque
são casos até semelhantes, não
significa que são iguais. Por isso a
democracia é importante. Como
dizia Winston Churchill, a democracia é um péssimo regime, só
que não há outro melhor".
A CPI dos Correios vai encaminhar pedido de cassação de 18 deputados citados nas investigações. Do PL, partido do vice-presidente, fazem parte da lista dois
deputados.
Falcatruas
Alencar fez as afirmações ao
participar de evento na sede da
CNI (Confederação Nacional da
Indústria) em Brasília. Questionado sobre as denúncias que atingem seu partido e, em especial, o
presidente da legenda, ex-deputado Valdemar Costa Neto, que renunciou ao mandato após admitir que fez uso de caixa dois, Alencar disse que líderes partidários
devem se afastar quando cometeram irregularidades.
Mesmo assim, condenou o que
chamou de "juízo precipitado":
"Acho que até prova em contrário, as pessoas devem ser respeitadas. Então, se houver um crime
por parte de um membro do partido, é natural que ele próprio se
alije, porque a vida pública não
comporta, não há espaço na vida
pública para falcatruas".
E ressaltou que é melhor ser incompetente do que ser corrupto:
"Pode ser um homem público, fazer todo o esforço, mas ser incompetente. Isso é uma marca, mas
não é uma marca letal. Marca letal
é quando atinge o ético".
No PL desde 2001, Alencar afirmou que, por ora, não pensa em
deixar o partido. "Não costumo
dizer dessa água não beberei, mas
isso não significa que eu esteja
pensando em mudar de partido."
Uma reunião hoje em Brasília,
de lideranças do PL, deve discutir
as denúncias que envolvem o partido e a permanência de Valdemar na presidência da legenda.
Alencar, que participa do encontro, negou estar pedindo que o ex-deputado deixe o posto.
Sobre o andamento do trabalho
do governo em meio à crise, o vice
afirmou que "não tem nada parado". "Considerando que a crise
acaba ocupando todo o espaço da
mídia, dá a impressão de que não
se faz mais nada", ponderou.
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