São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ACORDÃO OU CASTIGO?

Presidente do Senado tenta colocar ordem no trabalho das comissões parlamentares

CPIs fazem trégua e decidem apresentar relatório conjunto

CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As CPIs dos Correios e do Mensalão apresentarão um relatório conjunto sobre os parlamentares que teriam sido beneficiados pelo esquema de repasse de dinheiro do publicitário Marcos Valério.
Esse foi o principal resultado prático da reunião promovida ontem pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com presidentes e relatores das comissões parlamentares de inquérito dos Correios, do Mensalão e dos Bingos. Ela visava acalmar os ânimos entre os integrantes das três comissões e pôr ordem nos trabalhos, evitando sobreposição de depoimentos e disputa por holofotes.
Osmar Serraglio (PMDB-PR) e Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), relatores da CPI dos Correios e do Mensalão, respectivamente, deverão apresentar o relatório amanhã. O texto será apreciado conjuntamente pelas duas comissões.
Esta definição é importante porque, até então, havia uma disputa nos bastidores das CPIs sobre quem seria o autor do documento que elencaria eventuais envolvidos com denúncias de irregularidades.
Serraglio, por exemplo, que vinha sofrendo pressão de parlamentares da CPI da qual é relator, pensou, em princípio, em dividir a lista em duas: em uma, enviada diretamente à presidência da Câmara, anotaria os parlamentares sobre os quais acredita que há fortes evidências de beneficiamento; em outra, encaminhada para a CPI do Mensalão, elencaria outros parlamentares sobre os quais, em sua opinião, haveria necessidade de mais investigação.
A CPI do Mensalão não aceitava que a CPI dos Correios tivesse a paternidade da lista que pode servir de base para a cassação de parlamentares. Em sua defesa, parlamentares da comissão do Mensalão argumentam que cabe a eles a investigação e eventual sugestão de punição a deputados e senadores que se valeram do esquema de Marcos Valério.
Agora há uma solução de consenso. Serraglio deve nominar 18 parlamentares que supostamente estariam envolvidos com os saques das empresas do publicitário mineiro. Abi-Ackel não deverá acrescentar novos nomes, mas, segundo tem afirmado, deseja acrescentar mais argumentos para reforçar as acusações.
"A sociedade cobra resultados, precisamos concluir as investigações, agilizar os procedimentos para que tenhamos, em curto espaço de tempo, as respostas que cobram insistentemente de todos nós", disse Renan Calheiros.
Outra decisão é de que as CPIs deverão evitar a sobreposição de depoimentos. O doleiro Antonio Claramunt, o Toninho da Barcelona, por exemplo, foi convocado pelas três comissões para prestar esclarecimentos. "Quando houver um depoimento de interesse comum poderá haver uma sessão conjunta", disse Renan.
As três CPIs também se reunirão semanalmente para discutir os trabalhos. Os três presidentes e relatores também acertaram que irão dividir um banco de dados para facilitar o acesso a informações para todos os integrantes das três comissões.


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