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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ACORDÃO OU CASTIGO?
Presidente do Senado tenta colocar ordem no trabalho das comissões parlamentares
CPIs fazem trégua e decidem apresentar relatório conjunto
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As CPIs dos Correios e do Mensalão apresentarão um relatório
conjunto sobre os parlamentares
que teriam sido beneficiados pelo
esquema de repasse de dinheiro
do publicitário Marcos Valério.
Esse foi o principal resultado
prático da reunião promovida
ontem pelo presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL),
com presidentes e relatores das
comissões parlamentares de inquérito dos Correios, do Mensalão e dos Bingos. Ela visava acalmar os ânimos entre os integrantes das três comissões e pôr ordem nos trabalhos, evitando sobreposição de depoimentos e disputa por holofotes.
Osmar Serraglio (PMDB-PR) e
Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), relatores da CPI dos Correios e do
Mensalão, respectivamente, deverão apresentar o relatório amanhã. O texto será apreciado conjuntamente pelas duas comissões.
Esta definição é importante
porque, até então, havia uma disputa nos bastidores das CPIs sobre quem seria o autor do documento que elencaria eventuais
envolvidos com denúncias de irregularidades.
Serraglio, por exemplo, que vinha sofrendo pressão de parlamentares da CPI da qual é relator,
pensou, em princípio, em dividir
a lista em duas: em uma, enviada
diretamente à presidência da Câmara, anotaria os parlamentares
sobre os quais acredita que há fortes evidências de beneficiamento;
em outra, encaminhada para a
CPI do Mensalão, elencaria outros parlamentares sobre os quais,
em sua opinião, haveria necessidade de mais investigação.
A CPI do Mensalão não aceitava
que a CPI dos Correios tivesse a
paternidade da lista que pode servir de base para a cassação de parlamentares. Em sua defesa, parlamentares da comissão do Mensalão argumentam que cabe a eles a
investigação e eventual sugestão
de punição a deputados e senadores que se valeram do esquema de
Marcos Valério.
Agora há uma solução de consenso. Serraglio deve nominar 18
parlamentares que supostamente
estariam envolvidos com os saques das empresas do publicitário
mineiro. Abi-Ackel não deverá
acrescentar novos nomes, mas,
segundo tem afirmado, deseja
acrescentar mais argumentos para reforçar as acusações.
"A sociedade cobra resultados,
precisamos concluir as investigações, agilizar os procedimentos
para que tenhamos, em curto espaço de tempo, as respostas que
cobram insistentemente de todos
nós", disse Renan Calheiros.
Outra decisão é de que as CPIs
deverão evitar a sobreposição de
depoimentos. O doleiro Antonio
Claramunt, o Toninho da Barcelona, por exemplo, foi convocado
pelas três comissões para prestar
esclarecimentos. "Quando houver um depoimento de interesse
comum poderá haver uma sessão
conjunta", disse Renan.
As três CPIs também se reunirão semanalmente para discutir
os trabalhos. Os três presidentes e
relatores também acertaram que
irão dividir um banco de dados
para facilitar o acesso a informações para todos os integrantes das
três comissões.
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