São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 2005

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Oposição identifica série de cheques de R$ 9,42 mi da Leão

RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Técnicos da bancada de oposição na CPI dos Bingos identificaram uma série mensal de cheques seqüenciados e descontados da conta da empresa Leão Leão, de Ribeirão Preto (SP), no caixa do Banespa entre janeiro de 2002 e dezembro de 2003. Em todos os meses do período há seqüências de cheques de um mesmo talonário.
A série mais longa, no ano de 2002, ocorreu no dia 15 de abril, quando foram sacados 14 cheques de valor igual, R$ 13.200,00. Entre os dias 10 e 18 de junho de 2002, a Leão emitiu 20 cheques de R$ 13.500 totalizando R$ 270 mil.
Registrados no extrato da Leão Leão pelo banco Banespa como "cheques pagos no caixa", os desembolsos compreenderam R$ 9,42 milhões no período - R$ 4,9 milhões em 2002 e R$ 4,5 milhões em 2003 - o que representa uma média de R$ 225,6 mil por mês. O extrato não indica nomes dos beneficiários.
Procurada ontem às 17h30, logo que a oposição no Senado havia obtido os primeiros resultados do levantamento, a assessoria da Leão Leão informou que "embora venha conduzindo esse processo da maneira mais transparente possível, o Grupo Leão Leão se reserva o direito de apurar melhor os dados que comprovam o que vem afirmando sempre -que não pagou qualquer propina ou outra forma de doação ilegal a prefeitos atuais ou de gestões passadas, na região de Ribeirão Preto".
O ex-vice-presidente da Leão Leão, Rogério Buratti, afirmou em depoimento que a empresa pagava propina a pelo menos quatro prefeitos da região, entre os quais Antonio Palocci (PT), ministro da Fazenda, durante os dois primeiros anos de sua segunda gestão na Prefeitura de Ribeirão (2001-2002).
Palocci, segundo Buratti -seu ex-secretário de Governo-, recebia R$ 50 mil mensais, por meio de cheques da Leão compensados na boca do caixa e entregues ao então secretário de Fazenda do município, Ralf Barquete (morto em 2004). A CPI quer saber se o movimento de desconto de cheques reforça a suspeita de um esquema de propina.
Os técnicos da oposição não identificaram nenhum cheque de R$ 50 mil (o mais próximo registrou R$ 50.009,98), mas apontaram, num estudo preliminar que considerou apenas o ano de 2002, que sempre ocorreram pagamentos acima ou abaixo desse valor nos dias 15, 16 ou 17 de cada mês.


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