|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Oposição identifica série de cheques de R$ 9,42 mi da Leão
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Técnicos da bancada de oposição na CPI dos Bingos identificaram uma série mensal de
cheques seqüenciados e descontados da conta da empresa
Leão Leão, de Ribeirão Preto
(SP), no caixa do Banespa entre
janeiro de 2002 e dezembro de
2003. Em todos os meses do período há seqüências de cheques
de um mesmo talonário.
A série mais longa, no ano de
2002, ocorreu no dia 15 de abril,
quando foram sacados 14 cheques de valor igual,
R$ 13.200,00. Entre os dias 10 e
18 de junho de 2002, a Leão
emitiu 20 cheques de R$ 13.500
totalizando R$ 270 mil.
Registrados no extrato da
Leão Leão pelo banco Banespa
como "cheques pagos no caixa", os desembolsos compreenderam R$ 9,42 milhões
no período - R$ 4,9 milhões
em 2002 e R$ 4,5 milhões em
2003 - o que representa uma
média de R$ 225,6 mil por mês.
O extrato não indica nomes
dos beneficiários.
Procurada ontem às 17h30,
logo que a oposição no Senado
havia obtido os primeiros resultados do levantamento, a assessoria da Leão Leão informou que "embora venha conduzindo esse processo da maneira mais transparente possível, o Grupo Leão Leão se reserva o direito de apurar melhor
os dados que comprovam o
que vem afirmando sempre
-que não pagou qualquer
propina ou outra forma de
doação ilegal a prefeitos atuais
ou de gestões passadas, na região de Ribeirão Preto".
O ex-vice-presidente da Leão
Leão, Rogério Buratti, afirmou
em depoimento que a empresa
pagava propina a pelo menos
quatro prefeitos da região, entre os quais Antonio Palocci
(PT), ministro da Fazenda, durante os dois primeiros anos de
sua segunda gestão na Prefeitura de Ribeirão (2001-2002).
Palocci, segundo Buratti
-seu ex-secretário de Governo-, recebia R$ 50 mil mensais, por meio de cheques da
Leão compensados na boca do
caixa e entregues ao então secretário de Fazenda do município, Ralf Barquete (morto em
2004). A CPI quer saber se o
movimento de desconto de
cheques reforça a suspeita de
um esquema de propina.
Os técnicos da oposição não
identificaram nenhum cheque
de R$ 50 mil (o mais próximo
registrou R$ 50.009,98), mas
apontaram, num estudo preliminar que considerou apenas o
ano de 2002, que sempre ocorreram pagamentos acima ou
abaixo desse valor nos dias 15,
16 ou 17 de cada mês.
Texto Anterior: Outro lado: Empresas negam irregularidades em notas fiscais Próximo Texto: Elio Gaspari: De JorgeAmado@edu para JeanyMaryCorner@com.br Índice
|