São Paulo, Domingo, 31 de Outubro de 1999
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PAINEL

Jogo sujo

Marta Suplicy (PT) sofrerá bombardeio conservador na sucessão de Pitta. Segundo pesquisas de partidos de direita, o eleitor desconhece as propostas dela quando deputada. Siglas de aluguel fecham acordo com políticos para carimbar Marta como uma ""libertina" e ""mãe do casamento gay" (união civil entre pessoas do mesmo sexo).


O ônus da liderança

Na avaliação de caciques da política paulista, Marta apanhou pouco na eleição de 98 porque ficou a maior parte do tempo em 4º lugar nas pesquisas. Hoje, com até 40% no Datafolha, deverá ser a vidraça. Além do ataque às suas propostas que desagradam os conservadores, ela será criticada pela inexperiência administrativa.

Aval do FMI

O BC (Banco Central) vai entrar devagar no mercado do dólar, a partir de quarta. Motivo: se entrar rasgando, baixando muito a cotação da moeda americana, causará prejuízo a quem está na ponta contrária. Esse pessoal passaria a jogar contra.

Pouco, mas cai

Aumentar os juros é a última opção do governo para conter uma eventual volta da inflação. Pelo contrário: a aposta hoje no Palácio do Planalto é que, até o final de dezembro, os juros básicos, que hoje estão em 19%, fiquem entre 17% e 18%.

Questão de coerência

Razões para Armínio Fraga (BC) não mexer nos juros: desorganiza as expectativas, a dívida pública volta a crescer e passa recibo de estar num vôo cego, quando seu grande trunfo é ter tirado os juros do patamar dos 40% para os atuais 19%.

Cabo-de-guerra

Agnelo Queiróz (PC do B) diz que nunca recebeu dinheiro de Luiz Estevão (PMDB) para eleição, como alega o senador. Envolveu-se em acidente de trânsito, como fala Estevão, mas diz que socorreu a vítima e que um juiz concluiu que não houve dolo e arquivou o inquérito.

Adolescente na cadeia

Para marcar posição em relação a Covas, desgastado pelas rebeliões da Febem, Maluf pedirá à bancada do PPB na Câmara que apresente um projeto estipulando em 14 anos a idade a partir da qual poderão ser aplicadas punições penais.

Disputa na esquerda

Ciro (PPS) saiu na frente do PT e tenta marcar uma audiência com o presidente argentino eleito, Fernando de la Rúa.

Não engana

Pesquisa em poder de caciques pefelistas revela que ACM ficou mais conhecido nacionalmente, mas também que dois em cada três entrevistados condenam o seu estilo e método.

Termômetro industrial

Levantamento da Confederação Nacional da Indústria mostra que dos 36 deputados da comissão da reforma tributária, 17 já fecharam com a base do relatório de Mussa Demes (PFL-PI). Entre outros 17, a tendência é votar a favor. Só 2 são contra. Os partidos mais fechados com a proposta são PFL, PSDB e PT.

Cerco armado

Presidente da comissão da reforma tributária, Germano Rigotto (PMDB) fez consultas informais e concluiu que a maioria é favorável à CPMF dedutível do IR (Imposto de Renda). O relator Mussa Demes deverá perder essa na comissão.

Encrenca à vista

Eliseu Padilha (Transportes) comprou uma briga feia com a bancada paulista: tirou R$ 12,5 mi para a Companhia de Trens Metropolitanos de São Paulo e os redistribuiu para trens em Porto Alegre, Rio e para custeio do seu próprio ministério.

Querem mais

Covas está arriscado a perder a maioria dos votos na Assembléia paulista. PFL, PMDB e PL, que normalmente votam com o governo e somam 22 votos, estão articulando a formação de um bloco com PDT e o PPB.

TIROTEIO

De Simon (PMDB-RS), sobre o BNDES financiar a empresa norte-americana AES no leilão da Cesp Tietê e as críticas de FHC ao governador Itamar:
- Fernando Henrique põe o BNDES para dar uma mãozinha às empresas estrangeiras e depois vem dizer que o Itamar é que é colonizado.

CONTRAPONTO

O sermão da montanha
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) participou na sexta, em Santiago do Chile, de um encontro com ONGs e representantes de organismos internacionais.
No seu discurso, ele atacou o fato de o BNDES financiar um grupo estrangeiro no leilão da Cesp Tietê. Disse que o episódio revela uma prática que remonta aos tempos das capitanias hereditárias: os poderosos sempre dividem a riqueza dos governos.
Como não podia deixar de ser, Suplicy bateu na sua tecla favorita: programa de renda mínima. Citou o exemplo do Alasca.
Norman Hicks, representante do Banco Mundial, disse:
- O Alasca tem muito petróleo e riqueza a dividir...
Para quê? Suplicy começou a fazer contas e a derramar argumentos a favor de sua idéia.
Hicks foi ouvindo tudo aquilo e acabou desistindo. Para encerrar a conversa, disse:
- Aprendi três coisas na minha vida. Uma delas hoje aqui. Não se deve argumentar contra Jesus Cristo, John Maynard Keynes e o senador Suplicy.

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