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OUTRO LADO
Ministro dos Transportes afirma que mandou investigar desvio no MT e quer centralizar processos
Padilha nega envolvimento com liberação
da enviada especial
O ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, diz que está atento ao
problema de pagamentos de precatórios há oito meses. Afirma
que, num despacho manuscrito à
consultoria jurídica do ministério, no dia 10 de dezembro, determinou que fosse criada uma central informatizada em que constassem todas as ações judiciais
contra órgãos da pasta. "Acordos,
só com o OK do ministro", escreveu Padilha. Por falta de recursos,
a central não foi criada.
Outra providência moralizadora, segundo ele, foi a abertura de
uma sindicância para investigar
um acordo do DNER (Departamente Nacional de Estradas de
Rodagem) para o pagamento de
uma indenização milionária no
Estado de Mato Grosso. O resultado da sindicância fica pronto na
quarta-feira, e o ministro promete exonerar quem estiver envolvido em irregularidades.
Folha - Ao analisar o pagamento de precatórios pelo
DNER fica claro que há ilegalidade nessas operações. O senhor
tem conhecimento disso?
Eliseu Padilha - Eu não tenho
conhecimento de nenhum fato.
Basicamente, sei que há alguns
acordos com base num decreto.
Não sei com quem, não sei valor,
não sei nada. Há oito meses baixei
um ato pedindo que houvesse um
controle maior por parte dos presidentes das entidades.
Folha - O que seria esse controle?
Padilha - Não poderiam, na minha visão, estar sendo feitos acordos com precatórios a torto e a direito nas entidades, entende? Então mandei centralizar o controle
disso, só que ainda não foi possível.
Folha - Estão sendo feitos
acordos irregulares no DNER, e
o diretor financeiro, Gilson de
Moura, que é pessoa da sua confiança, está autorizando os pagamentos, embora ele tenha o
poder de barrar isso.
Padilha - Mas se tu fosses pagar
o que tem de demanda, o dinheiro da República seria pouco. Então, eu penso que esse tipo de liberação é excepcional. Eu penso,
não é? Eu acho que não é a regra,
mas eu não tenho elementos para
te dizer nada. Tomei conhecimento de um caso suspeito, mandei abrir uma sindicância porque
achei que o valor não podia ser o
certo.
Folha - Foi gravada uma conversa com um lobista em que
ele diz o seguinte: quem manda
liberar o pagamento dos precatórios é o ministro.
Padilha - (ri) Ah! Ah! Mas por
quê?
Folha - Ele diz que o senhor
centralizou as decisões do DNER
no ministério.
Padilha - Negativo. Eles têm autonomia em todas as áreas.
Folha - Outro lobista diz que
trabalha para o doutor Aranha,
que seria um parente do ex-ministro Oswaldo Aranha e que ele
teria acesso direto ao senhor.
Padilha - (rindo) Negativo.
Nunca recebi ninguém para tratar
desse tipo de assunto. Nunca. Absolutamente. Nunca. Nem sei de
quem se trata. Nem Aranha, nem
cobra, absolutamente não.
Folha - O senhor não acha que
existe um descontrole no DNER
quanto a isso?
Padilha - Tanto penso que tem
que ter maior controle que abri
uma sindicância, não é? Senão
não teria aberto, não é mesmo?
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