São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2000

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SAÚDE
Governador foi submetido ontem a procedimento para desentupir coronária e ter condições para depois extrair tumor
Covas deve ser operado daqui a 15 dias

SANDRA BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL

Os médicos não sabem exatamente o que vão encontrar durante a cirurgia para a retirada do tumor maligno localizado entre o intestino e a bexiga do governador de São Paulo, Mário Covas.
Segundo David Uip, que é o médico particular de Covas, essa cirurgia não acontecerá antes do dia 13 de novembro.
Há duas semanas, foi diagnosticado a recidiva de câncer no governador. Em 1998, ele foi submetido a uma cirurgia para a retirada da doença na bexiga.
"O que nós pudemos ver é que era um tumor pequeno de dois centímetros, mas nenhum de nós sabe o que vai encontrar na cirurgia. Ele vai para uma cirurgia que pode ser de tempo variado, de extensão variada, a partir do que se encontrar na hora", afirmou Uip.
Uip explicou que 15 dias é o tempo mínimo de segurança para que o coração do governador consiga se adaptar à prótese - "stent"- que foi colocada ontem na artéria coronária descendente anterior, localizada do lado esquerdo do coração (veja quadro).
Na manhã de ontem, Covas foi submetido a uma angiografia (exame para verificar a situação do coração) e uma angioplastia para desobstruir a coronária.
A coronária estava com um percentual de obstrução por gordura de 98%, segundo o cardiologista de Covas, Wady Hueb. O procedimento inteiro durou 25 minutos.
O governador passa bem e a sua alta poderá acontecer amanhã, dependendo da sua recuperação. O governador está internado no Incor (Instituto do Coração) desde a noite do último domingo.

Segurança
O cardiologista Wady Hueb disse que a angioplastia foi feita ontem para diminuir o risco de o governador sofre um infarto cardíacos durante a cirurgia abdominal.
"Sabemos que ele tem um tumor maligno, mas que ele tem também uma doença coronariana que deve ser cuidada com todo zelo. Pesando o risco de benefício desse procedimento e do próximo, nós estamos optando por uma cirurgia não tão imediata mas com mais segurança" afirmou o infectologista David Uip.
Segundo Uip, a cirurgia será feita para tirar o tumor que provoca dor e incomoda Covas. O outro objetivo será fazer uma avaliação oncológica do local cirúrgico. "Só conseguimos saber da recidiva da doença por meio das biópsias. Os exames visuais mais modernos não captaram o tumor."
Tanto a angiografia como a angioplastia foram feitas por um catéter introduzido pela artéria femural direita, com um corte de cinco milímetros na virilha direita do governador. O mesmo catéter foi o responsável pela colocação do "stent" (uma prótese de 18 milímetros de comprimento por 3,5 milímetros de diâmetro) na artéria para mantê-la desobstruída.
Covas foi sedado para a realização do procedimento. De acordo com David Uip, ele não sentiu e não está sentindo dor.
O governador está em observação em apartamento, no sexto andar do Incor. A alimentação dele é normal. "Está tão bem que já comeu até banana assada e vai almoçar", afirmou Uip no início da tarde de ontem. Segundo ele, existe 1% de risco de um coágulo prejudicar o "stent". Covas vai tomar medicação anticoagulante até a cirurgia abdominal.
Quando deixar o hospital, segundo Uip, Covas poderá retomar sua rotina normal de trabalho até a data ainda não marcada da cirurgia para a retirada do tumor.



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