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Malan não descarta renegociação
SÍLVIA MUGNATTO
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao contrário de outros integrantes do governo, o ministro da
Fazenda, Pedro Malan, não descartou imediatamente a possibilidade de uma negociação com a
prefeita eleita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), sobre a dívida do
município.
Questionado sobre o assunto,
Malan disse ontem: "Aguardarei
o dia que ela nos procurar", disse
o ministro da Fazenda.
Os ministros do Planejamento,
Martus Tavares, e da Casa Civil,
Pedro Parente, foram categóricos.
Segundo eles, qualquer renegociação fere a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).
A lei proíbe renegociações de
dívidas entre a União, Estados,
municípios e empresas estatais.
Parente disse que a lei que trata
dos crimes de responsabilidade
fiscal cita a renegociação. O administrador público que promover a
renegociação estará sujeito à pena
de prisão de um a quatro anos.
"Por mais meritório que seja a
proposta, essas questões estão impedidas pela LRF", declarou o ministro Parente.
Mudança
O secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Renato Vilella, disse
que qualquer mudança nas condições financeiras dos contratos
de renegociação de dívidas assinados com a União -que signifiquem uma "folga" para o município ou Estado- são proibidas pela LRF.
"Exemplos disso são o alongamento dos prazos do contrato, a
redução das taxas de juros e a redução das prestações", afirmou
Renato Vilella.
O prefeito Celso Pitta assinou o
contrato com o Tesouro Nacional
no dia 2 de maio deste ano. Foi refinanciada uma dívida de R$ 11 bilhões por 30 anos. Na época, o
prefeito afirmou que o limite de
comprometimento da receita
com o pagamento da dívida seria
de R$ 55 milhões mensais, que seria o equivalente a 13% da receita
mensal do município.
De acordo com o contrato assinado com o governo, o município
de São Paulo está proibido de
contrair novas dívidas até que a
sua dívida atual fique equilibrada
em um nível igual ao de sua receita anual. A Folha apurou que a dívida atual é pouco inferior a duas
vezes a receita anual.
Contrato
O contrato oferece apenas duas
exceções para a contratação de
empréstimos. O município poderá receber R$ 741 milhões do
BNDES para aperfeiçoamento do
sistema de transportes da cidade e
outros US$ 100 milhões do BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento) para modernização
do centro de São Paulo.
Pelo contrato assinado com o
Tesouro Nacional, a prefeitura de
São Paulo terá de elevar as contribuições previdenciárias dos servidores públicos do município até
que a alíquota média atinja 11%.
Segundo Pitta, a alíquota média
atual é de 6%.
A correção da dívida de São
Paulo está sendo feita pelo IGP-DI
mais uma taxa de juros fixa de 6%
ao ano. O descumprimento das
metas fiscais estabelecidas no
contrato podem elevar essa taxa
para 9% ao ano.
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