São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SÃO PAULO
Pepebista não admite publicamente, mas dentro do partido já há consenso de que a disputa pelo governo estadual, na sucessão de Covas, é a que tem maior chance de vitória
Maluf quer escrever a história do Estado

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato derrotado do PPB à Prefeitura de São Paulo, Paulo Maluf, publicamente não fala sobre seu futuro político, mas deixa escapar sua verdadeira intenção de disputar o governo do Estado em 2002, quando, empolgado, discursa sobre sua ""vitória" na eleição de anteontem.
""Sou candidato a continuar escrevendo a história deste Estado, se o eleitor me der a oportunidade", disse à Folha, tentando esquivar-se de uma análise sobre o efeito da administração Celso Pitta (PTN) em sua derrota.
Questionado sobre a sucessão do governador Mário Covas (PSDB), mais uma vez procura desconversar.
""Em 2002, teremos eleição para deputado estadual, federal, senador, governador, vice-governador, presidente e vice-presidente. Sete hipóteses. O partido vai definir em que posição desse time eu vou jogar", diz ele, líder absoluto do PPB desde 84, quando recebeu a indicação da sigla para concorrer à Presidência da República.
Embora a votação para a prefeitura tenha animado alguns malufistas a defender a idéia de que o ex-prefeito se lance ao Palácio do Planalto, há hoje quase um consenso dentro da legenda de que suas maiores chances estão na disputa pelo governo estadual.
Pepebistas próximos ao candidato derrotado afirmam que até mesmo Maluf, apesar do sonho de suceder Fernando Henrique Cardoso, admite que ""é hora de manter os pés no chão".
O próximo passo para 2002, afirmam, é dar continuidade à reaproximação entre PPB e PFL.
Embora em 98 os dois partidos tenham disputado juntos o governo, este ano o PFL do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) preferiu lançar candidato próprio à prefeitura, diante do desgaste do malufismo provocado pelas denúncias de corrupção na administração de Pitta.
A declaração de apoio do presidente da legenda, Jorge Bornhausen, a Maluf na semana passada foi comemorada pelo PPB e interpretada dentro do partido como mais um sinal de que a ""reconciliação" eleitoral é viável.
As conversas nesse sentido, segundo a Folha apurou, acontecem desde o segundo turno.
Os pepebistas afirmam que, entre as vantagens de ter o PFL como aliado, está o tempo do partido na televisão. Avaliam que a eleição deste ano deixou ainda mais evidente o peso do horário eleitoral gratuito na disputa, já que, com um tempo de TV igual ao da petista Marta Suplicy no segundo turno, Maluf conseguiu subir nas pesquisas de intenção de voto.
Isolado, o PPB teve no primeiro turno menos de três minutos de propaganda, perdendo em permanência na mídia para os adversários PFL e PSDB.
Do lado do PFL, dizem os malufistas, há o interesse de estabelecer uma base eleitoral em São Paulo e de criar uma alternativa de aliança ao atual acordo que a sigla mantém com o PSDB do presidente da República.
Para que o entendimento nacional seja bem-sucedido, seria imprescindível uma coligação em São Paulo.
Até o começo do próximo ano, quando deve começar suas visitas pelo interior do Estado, Maluf, de olho em 2002, dizem, deverá se dedicar à montagem de sua equipe para a eleição.


Texto Anterior: Perfil: Ex-trotskista foi principal assessor do PT
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.