|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bairros conservadores
registraram "empate"
DA REDAÇÃO
Apenas 14 votos separaram
Paulo Maluf (PPB) de Marta Suplicy na Zona Eleitoral de Vila
Maria (254ª). Maluf teve 60.819
votos, contra 60.833 de Marta,
que ganhou em toda a cidade.
Na 4ª Zona Eleitoral, na Mooca,
o pepebista também ficou próximo da petista (151 votos de diferença). Marta teve 59.815 votos na
Mooca e Maluf, 59.664.
Em termos percentuais, o placar
na Vila Maria só pode ser medido
em centésimos (0,02% de vantagem para Marta). Na Mooca, a diferença está nos décimos (0,1%).
Já a maior vantagem da petista
sobre o rival na 372ª Zona Eleitoral, em Piraporinha (zona sul),
onde ela obteve mais do que o dobro dos votos: 72.137 a 35.540.
Os resultados do segundo turno
na Vila Maria e na Mooca confirmam a tendência conservadora
do eleitorado dessas duas regiões.
A Vila Maria era originalmente
um reduto eleitoral de Jânio Quadros, que começou a carreira política como suplente de vereador e
assumiu uma vaga na Câmara em
1948. Lá, passou a visitar frequentemente o bairro, que na época integrava a periferia pobre da cidade, para ouvir reivindicações.
Após sua eleição para prefeito,
em 1953, Jânio asfaltou ruas, abriu
escolas, inaugurou uma biblioteca e, sobretudo, iniciou a construção da ponte de concreto sobre o
rio Tietê (ponte Vila Maria, atual
ponte Jânio Quadros) para substituir a velha ponte de madeira,
construída em 1918, que ligava o
bairro à região central da cidade.
Em 1954, na eleição para governador, Jânio recebeu votação esmagadora no bairro. A ponte de
concreto, marco na história da Vila Maria, foi inaugurada em 1956.
Com o crescimento da cidade, o
perfil da Vila Maria foi mudando.
Deixou de ser um bairro periférico e passou a concentrar muitos
estabelecimentos comerciais.
O preço dos terrenos subiu, e a
população mais pobre se retirou
para as zonas leste e sul. Os operários foram substituídos por trabalhadores autônomos e assalariados de renda média, politicamente mais conservadores (uma evolução similar também ocorreu na
Mooca, um velho bairro industrial, com muitas vilas operárias,
cuja antiga população foi deslocada para a periferia mais distante).
Jânio, porém, acompanhou a
inflexão desse eleitorado para a
direita. Sua votação entre os assalariados de renda baixa decresceu
à medida que aumentava seu
prestígio junto a autônomos e assalariados de renda média. Jânio
passou, cada vez mais, a se apoiar
nos partidos conservadores, como a UDN, que lançou sua candidatura a presidente em 1960.
O bairro permaneceu sendo um
reduto janista até sua última gestão na prefeitura (1986-88).
Na eleição, em 1985, Jânio obteve o apoio de 42,4% do eleitorado
da Vila Maria e de 38,7% dos eleitores da Mooca, derrotando Fernando Henrique Cardoso (então
no PMDB), hoje presidente, e
Eduardo Suplicy (PT), marido da
prefeita eleita e hoje senador.
Com o afastamento de Jânio da
vida pública, a maior parte do
eleitorado janista (cerca de 60%)
transferiu seu apoio a Maluf.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Malufistas alegam "tradição" Índice
|