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CURITIBA
Prefeito reeleito afirma que seu partido precisa urbanizar o seu discurso
Taniguchi quer "oxigenar" PFL
THOMAS TRAUMANN
ENVIADO ESPECIAL
WAGNER OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O prefeito reeleito de Curitiba,
Cássio Taniguchi (PFL), disse ontem que seu partido deve se oxigenar e urbanizar o seu discurso, incluindo temas como ética, problemas sociais e administrações das
grandes cidades.
"Se não discutirmos esses temas, estamos fadados a minguar", afirmou Taniguchi, que
ontem pelo registro em cartório
completou 59 anos, embora tenha
nascido em 15 de outubro.
Taniguchi, 59, foi reeleito prefeito de Curitiba com 51,48% dos
votos válidos contra 48,52% do
candidato petista, o deputado estadual Ângelo Vanhoni.
Na sua primeira entrevista como prefeito reeleito, Taniguchi
fez um discurso pacificador. "Não
há vencedores nem vencidos. Essa foi uma eleição disputada e vou
governar para a cidade inteira",
afirmou o prefeito.
Taniguchi obteve 462.811 do total de votos apurados, contra
436.270 de Ângelo Vanhoni. Taniguchi disse que a vitória por
mais 26 mil votos de diferença
criou "mais responsabilidade,
mais compromissos com a população".
Para o prefeito, a oposição em
Curitiba saiu enfraquecida com
sua vitória. Leia a seguir os principais trechos da entrevista à Agência Folha.
Pergunta - Qual a avaliação do resultado das eleições para o PFL?
Cássio Taniguchi - O fato de o
PFL ter perdido em cidades importantíssimas, como o Rio de Janeiro e o Recife, e ter sofrido com
a onda de protestos em Curitiba é
um alerta. Precisamos oxigenar o
partido, trazer novas lideranças,
fazer com que haja uma discussão
interna mais ampla, mais democrática.
Precisa criar uma proposta consistente em nível nacional para
atuação nas regiões metropolitanas. O partido tem que urbanizar
o seu discurso, discutir idéias como qualidade de vida, meio ambiente, questão social e ética na
administração. Esse novo conceito de cidades deve fazer parte do
PFL.
Pergunta - Como o PFL deve se
oxigenar?
Taniguchi - Quase 80% da população mora em cidades, mas os
partidos ainda têm raízes na área
rural. O discurso dos partidos
-inclusive do PFL- ainda é
quase feudal, exceto o PT, que
nasceu na cidade. Temos que urbanizar esse discurso, discutir as
migrações e o planejamento das
cidades.
Pergunta - O sr. vai levar essa posição à direção nacional do PFL?
Taniguchi - Se não discutirmos
esses temas, estamos fadados a
minguar. Temos de ter uma estratégia diferente da que estamos
adotando, que realmente traduza
os anseios da população das grandes cidades, mais afetadas pelos
problemas sociais.
Pergunta - Como os prefeitos podem ajudar na diminuição dos problemas sociais?
Taniguchi - Acho que o crescimento da oposição foi um recado
claro da população à política econômica do governo federal. Nós,
os prefeitos, estamos todos angustiados com a redistribuição de
renda.
Pergunta - Qual o reflexo da sua
vitória para as eleições de 2002?
Taniguchi - Eu considero o Lerner o grande vencedor desse embate em Curitiba. Agora, se isso
vai representar um cacife eleitoral
para vôos maiores... tudo é possível. Mas ele se credencia naturalmente a isso.
Pergunta - O sr. acha que o governador Jaime Lerner é candidato a
presidente?
Taniguchi - Não tenho a menor
idéia. Eu acho que não, mas você
tem de perguntar a ele.
Pergunta - As pretensões do PFL
dependem das administrações em
Curitiba e Salvador, as duas capitais do partido?
Taniguchi - Certamente passa
por um bom desempenho nas capitais.
Pergunta - O sr. venceu o candidato do PT por apenas 26 mil votos.
A cidade ficou dividida?
Taniguchi - De forma alguma. O
nosso grupo tradicionalmente tinha 44% a 48% dos votos. No primeiro turno, nos enganamos redondamente batendo no PMDB e
deixando o PT crescer. No segundo turno, mudamos tudo e todos
os partidos de oposição se juntaram ao PT para derrubar o nosso
grupo. Não conseguiram. Eles saíram enfraquecidos.
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