São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2000

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CURITIBA
Prefeito reeleito afirma que seu partido precisa urbanizar o seu discurso
Taniguchi quer "oxigenar" PFL

THOMAS TRAUMANN
ENVIADO ESPECIAL

WAGNER OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O prefeito reeleito de Curitiba, Cássio Taniguchi (PFL), disse ontem que seu partido deve se oxigenar e urbanizar o seu discurso, incluindo temas como ética, problemas sociais e administrações das grandes cidades.
"Se não discutirmos esses temas, estamos fadados a minguar", afirmou Taniguchi, que ontem pelo registro em cartório completou 59 anos, embora tenha nascido em 15 de outubro.
Taniguchi, 59, foi reeleito prefeito de Curitiba com 51,48% dos votos válidos contra 48,52% do candidato petista, o deputado estadual Ângelo Vanhoni.
Na sua primeira entrevista como prefeito reeleito, Taniguchi fez um discurso pacificador. "Não há vencedores nem vencidos. Essa foi uma eleição disputada e vou governar para a cidade inteira", afirmou o prefeito.
Taniguchi obteve 462.811 do total de votos apurados, contra 436.270 de Ângelo Vanhoni. Taniguchi disse que a vitória por mais 26 mil votos de diferença criou "mais responsabilidade, mais compromissos com a população".
Para o prefeito, a oposição em Curitiba saiu enfraquecida com sua vitória. Leia a seguir os principais trechos da entrevista à Agência Folha.

Pergunta - Qual a avaliação do resultado das eleições para o PFL?
Cássio Taniguchi -
O fato de o PFL ter perdido em cidades importantíssimas, como o Rio de Janeiro e o Recife, e ter sofrido com a onda de protestos em Curitiba é um alerta. Precisamos oxigenar o partido, trazer novas lideranças, fazer com que haja uma discussão interna mais ampla, mais democrática.
Precisa criar uma proposta consistente em nível nacional para atuação nas regiões metropolitanas. O partido tem que urbanizar o seu discurso, discutir idéias como qualidade de vida, meio ambiente, questão social e ética na administração. Esse novo conceito de cidades deve fazer parte do PFL.

Pergunta - Como o PFL deve se oxigenar?
Taniguchi - Quase 80% da população mora em cidades, mas os partidos ainda têm raízes na área rural. O discurso dos partidos -inclusive do PFL- ainda é quase feudal, exceto o PT, que nasceu na cidade. Temos que urbanizar esse discurso, discutir as migrações e o planejamento das cidades.

Pergunta - O sr. vai levar essa posição à direção nacional do PFL?
Taniguchi -
Se não discutirmos esses temas, estamos fadados a minguar. Temos de ter uma estratégia diferente da que estamos adotando, que realmente traduza os anseios da população das grandes cidades, mais afetadas pelos problemas sociais.

Pergunta - Como os prefeitos podem ajudar na diminuição dos problemas sociais?
Taniguchi -
Acho que o crescimento da oposição foi um recado claro da população à política econômica do governo federal. Nós, os prefeitos, estamos todos angustiados com a redistribuição de renda.

Pergunta - Qual o reflexo da sua vitória para as eleições de 2002?
Taniguchi -
Eu considero o Lerner o grande vencedor desse embate em Curitiba. Agora, se isso vai representar um cacife eleitoral para vôos maiores... tudo é possível. Mas ele se credencia naturalmente a isso.

Pergunta - O sr. acha que o governador Jaime Lerner é candidato a presidente?
Taniguchi -
Não tenho a menor idéia. Eu acho que não, mas você tem de perguntar a ele.

Pergunta - As pretensões do PFL dependem das administrações em Curitiba e Salvador, as duas capitais do partido?
Taniguchi -
Certamente passa por um bom desempenho nas capitais.

Pergunta - O sr. venceu o candidato do PT por apenas 26 mil votos. A cidade ficou dividida?
Taniguchi -
De forma alguma. O nosso grupo tradicionalmente tinha 44% a 48% dos votos. No primeiro turno, nos enganamos redondamente batendo no PMDB e deixando o PT crescer. No segundo turno, mudamos tudo e todos os partidos de oposição se juntaram ao PT para derrubar o nosso grupo. Não conseguiram. Eles saíram enfraquecidos.


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