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PORTO ALEGRE
Para petista, esta eleição terá peso em 2002
Tarso Genro prevê que PT chegará à Presidência em 2002 ou 2006
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O prefeito eleito de Porto Alegre, Tarso Genro (PT), 53, prevê a
chegada do PT ao poder em 2002
ou 2006. A seguir, trechos da entrevista coletiva concedida por
Tarso no seu comitê central, um
dia após a sua eleição.
Pergunta - O sr. criou um conselho político com personalidades de
várias áreas. Qual vai ser, agora, a
participação desse conselho?
Tarso Genro - Vamos convocar
uma reunião para o fim deste
mês, para tratar de duas questões:
discutir o perfil político do governo e trabalhar junto com o conselho uma norma que regule o seu
funcionamento. O conselho político vai permanecer como conselho de governo e emitir sugestões
e orientações. Vai funcionar como órgão consultivo.
Pergunta - Que análise o sr. faz
sobre alianças para o governo do
Estado e para a Presidência?
Tarso - O PT e os partidos do
campo da esquerda saíram vitoriosos, no primeiro e no segundo
turno, porque fizeram votações
expressivas em todo o país.
Passaram a governar centros
políticos importantes como São
Paulo e outras capitais do país.
Essas eleições têm, portanto, interferência na correlação de forças em direção a 2002. Mas não
quer dizer que isso nos coloque
desde logo em uma posição favorável. Coloca-nos em condições
de criar condições favoráveis de
disputa em 2002.
Pergunta - Por que o sr. acha que
as pessoas votaram no PT?
Tarso - Acho que a adesão a
qualquer posição política, seja de
esquerda ou de direita, é feita por
meio de mediações. Algumas pessoas se aproximam da esquerda
em razão da importância que nós
damos para a ética na política e
para a lutar contra a corrupção,
daí se apropriam dos nossos valores. Outras se aproximam em razão de a esquerda ter uma preocupação social profunda. Tenho
convicção de que a questão da ética na política é um instrumento
fundamental para a agregação de
qualquer projeto avançado, porque é impensável o desenvolvimento do projeto neoliberal sem
corrupção. O projeto neoliberal
não pode ser implementado sem
corrupção. Em nenhum país do
mundo isso aconteceu.
Pergunta - A questão da ética e
da honestidade do partido, que pesam em uma eleição municipal, é
suficiente para uma campanha
presidencial?
Tarso - A luta contra a corrupção, feita de maneira isolada e
sem um compromisso programático, torna-se um projeto moralista vazio. É necessário que essa
postura ética se combine com políticas concretas que correspondam a interesses da sociedade.
Vou dar um exemplo concreto:
para governar o país, teremos de
ter o apoio de um setor empresarial forte e políticas para criar grupos econômicos nacionais fortes,
inclusive para que o Brasil possa
ser um país com força para disputar no plano da economia global.
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