São Paulo, quarta-feira, 31 de outubro de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Dirigentes de PFL, PSDB e PMDB criticam proposta de governador

Itamar é tema de aliados em Paris

DO ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Itamar Franco, sempre ele, convulsionou de novo a coligação governista, ao defender uma candidatura única das oposições.
"Complica a vida", admite Michel Temer, o presidente do partido de Itamar (PMDB), que acompanhou Fernando Henrique Cardoso na visita a Madri e Paris exatamente como um símbolo da necessidade de preservar a aliança governista. Com ele vieram os presidentes José Aníbal (PSDB) e Jorge Bornhausen (PFL).
"A tese da candidatura única enrola ainda mais o PMDB, porque o candidato único só pode ser o Lula", diz Bornhausen.
Temer concorda e aproveita a tese para atacar Itamar. "Há uma contradição, pois está se opondo à tese que ele próprio defende (candidatura única do PMDB), porque se supõe que o candidato único de oposição será o Lula, que não é do PMDB", diz o deputado.
É razoável supor que Itamar e, por extensão, a disputa eleitoral de 2002 serão de novo pratos fortes hoje, no avião presidencial, no vôo de regresso ao Brasil. Bornhausen diz que vai sugerir a FHC que converse 15 ou 20 minutos, separadamente, com cada um dos três presidentes partidários, para depois reunir-se com todos.
Se o presidente acatar a sugestão, ouvirá que as conversas que os três tiveram -primeiro em Madri e agora em Paris- "não podem ir para a frente, porque o PMDB é o ponto que as paralisa", como constata Bornhausen.
É uma alusão ao fato de que, enquanto não se realizar, dia 20 de janeiro, a prévia peemedebista para indicar o candidato partidário, não há como definir o formato que terá a coligação em 2002.
A torcida velada dos dois outros partidos governistas é para que surja uma candidatura alternativa, como confessa José Aníbal.
Temer vai na mesma direção, insinuando a sua própria candidatura: "Não sou candidato, mas as pessoas querem uma candidatura alternativa. Só pensaria na hipótese se houvesse um grande movimento que vá até o fim com a candidatura própria".
Se "até o fim" quer dizer que Temer está defendendo que a candidatura do governo seja a do PMDB, não há acordo.
Do lado do PFL, a candidatura própria continua sendo igualmente acalentada. Bornhausen lembra que o partido propôs "um critério de escolha democrático e justo" para selecionar o candidato do governo (primárias entre os partidos membros da coligação).
Enquanto o critério não se define, "vamos fazendo o nosso itinerário em torno de Roseana Sarney (governadora do Maranhão)", diz o pefelista. (CLÓVIS ROSSI)


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