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SUCESSÃO NO ESCURO
Dirigentes de PFL, PSDB e PMDB criticam proposta de governador
Itamar é tema de aliados em Paris
DO ENVIADO ESPECIAL A PARIS
Itamar Franco, sempre ele, convulsionou de novo a coligação governista, ao defender uma candidatura única das oposições.
"Complica a vida", admite Michel Temer, o presidente do partido de Itamar (PMDB), que acompanhou Fernando Henrique Cardoso na visita a Madri e Paris exatamente como um símbolo da necessidade de preservar a aliança
governista. Com ele vieram os
presidentes José Aníbal (PSDB) e
Jorge Bornhausen (PFL).
"A tese da candidatura única
enrola ainda mais o PMDB, porque o candidato único só pode ser
o Lula", diz Bornhausen.
Temer concorda e aproveita a
tese para atacar Itamar. "Há uma
contradição, pois está se opondo à
tese que ele próprio defende (candidatura única do PMDB), porque se supõe que o candidato único de oposição será o Lula, que
não é do PMDB", diz o deputado.
É razoável supor que Itamar e,
por extensão, a disputa eleitoral
de 2002 serão de novo pratos fortes hoje, no avião presidencial, no
vôo de regresso ao Brasil. Bornhausen diz que vai sugerir a FHC
que converse 15 ou 20 minutos,
separadamente, com cada um dos
três presidentes partidários, para
depois reunir-se com todos.
Se o presidente acatar a sugestão, ouvirá que as conversas que
os três tiveram -primeiro em
Madri e agora em Paris- "não
podem ir para a frente, porque o
PMDB é o ponto que as paralisa",
como constata Bornhausen.
É uma alusão ao fato de que, enquanto não se realizar, dia 20 de
janeiro, a prévia peemedebista
para indicar o candidato partidário, não há como definir o formato que terá a coligação em 2002.
A torcida velada dos dois outros
partidos governistas é para que
surja uma candidatura alternativa, como confessa José Aníbal.
Temer vai na mesma direção,
insinuando a sua própria candidatura: "Não sou candidato, mas
as pessoas querem uma candidatura alternativa. Só pensaria na
hipótese se houvesse um grande
movimento que vá até o fim com
a candidatura própria".
Se "até o fim" quer dizer que Temer está defendendo que a candidatura do governo seja a do
PMDB, não há acordo.
Do lado do PFL, a candidatura
própria continua sendo igualmente acalentada. Bornhausen
lembra que o partido propôs "um
critério de escolha democrático e
justo" para selecionar o candidato
do governo (primárias entre os
partidos membros da coligação).
Enquanto o critério não se define, "vamos fazendo o nosso itinerário em torno de Roseana Sarney
(governadora do Maranhão)", diz
o pefelista.
(CLÓVIS ROSSI)
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