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Lula diz que reverá duas privatizações
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em jantar com 25 dos maiores
empresários brasileiros, o pré-candidato do PT à Presidência da
República Luiz Inácio Lula da Silva apresentou um plano antiapagão, no qual propõe parceria com
a iniciativa privada para o setor
elétrico, afirma que respeitará
processos de privatização já acabados e anuncia que, se vencer,
reverá a venda de Furnas e da Copel (Companhia Paranaense de
Energia), caso realizadas até a
eleição de 2002.
O jantar foi organizado pelo Iedi
(Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial) anteontem em São Paulo, no edifício
World Trade Center. Estiveram
presentes empresários como Paulo Cunha (Ultra), Eugênio Staub
(Gradiente), Josué Gomes da Silva
(Coteminas), Paulo Francini
(Coldex), e José Roberto Moraes
(filho de José Ermírio de Moraes,
Votorantim), entre outros.
O encontro começou com Lula
tentando explicar aos empresários sua declaração de que é preciso primeiro acabar com a fome
para depois exportar. Afirmou
que a frase foi tirada do contexto e
que o país tem potencial para
abastecer o mercado interno e exportar o excedente. Auxiliado pelo economista e professor da Fundação Getúlio Vargas Guido
Mantega, disse que o Brasil tem
de superar o "gargalo externo"
para ajudar no combate à fome.
Defendeu uma política de substituição de importações e programas de estímulo à competitividade da indústria nacional. Mantega
fez uma análise otimista do cenário econômico até a eleição, com
melhoria nas contas externas,
maior superávit comercial e taxas
de juros mais baixas.
Energia
Coube ao físico Luiz Pinguelli
Rosa expor o pré-programa petista para o setor de energia. Fez um
diagnóstico da atual crise, que seria oriunda de "má-administração e inoperância estatal". Apresentou a proposta do partido de
manter como estatais as empresas
elétricas existentes, "por gerar
energia barata".
Afirmou que o PT defende geradores independentes de energia
no suprimento das necessidades
de grandes consumidores. Essa
relação seria regulada exclusivamente pelo mercado. O governo
estabeleceria regras apenas para
empresas que prestassem serviços ao cidadão comum, com cronograma de investimentos e tarifas controladas.
Seriam criados estímulos a projetos de fontes alternativas de
energia e de produção de equipamentos para termelétricas, por
exemplo. "As empresas privatizadas são um fato consumado, mas
terão de internalizar os investimentos. Isso ocorrerá de uma forma entrosada com a política econômica", afirmou Pinguelli.
Lula defendeu a liberação de tarifas para o setor a partir de 2003.
Comprometeu-se também a evitar aumentos nas tarifas.
Aos empresários, Lula fez uma
análise do quadro político. Afirmou que ainda não se disse publicamente candidato, porque quer
ter certeza de que terá condições
políticas e econômicas de disputar a eleição com reais chances de
vitória. "Para perder, já concorri e
não quero mais", declarou, segundo participantes do jantar.
Ao final da apresentação, o presidente do Iedi, Ivoncy Ioschpe,
disse que o instituto iria discutir
internamente o documento para
depois se pronunciar sobre ele. O
PT espera que os empresários
dêem contribuições ao texto, que
será incorporado ao programa a
ser defendido por Lula.
A Folha apurou que os empresários se dividiram em relação ao
projeto apresentado. Para eles,
não ficou claro como se daria a
parceria com a iniciativa privada
no setor elétrico.
Lula estava acompanhado também do consultor Antoninho
Marmo Trevisan e da secretária
de Energia do Rio Grande do Sul,
Dilma Rossef.
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