São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2006

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Empresário participa do CDES de Lula, mas condena a política de juros elevados

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Jorge Gerdau Johannpeter, 69, diz a amigos que vai se dedicar a projetos sociais quando encerrar sua carreira, especialmente os ligados à educação. Até lá, porém, Gerdau vive uma rotina das mais puxadas. São em média 11 horas de trabalho, divididas entre a leitura de mais ou menos 100 e-mails, 30 telefonemas e até cinco reuniões com executivos.
Isso sem contar as viagens - dos cinco dias úteis, ele passa três fora de Porto Alegre, onde mora. Advogado, fã de hipismo e surfe, Gerdau preside o grupo que leva o nome de sua família desde 1983. A empresa exportou US$ 1,3 bilhões em 2005.
Gerdau conta que desde criança queria ser empresário, mas seu primeiro contato com a siderúrgica só ocorreu aos 14 anos: por ordem do pai, passou as férias regulando uma máquina de produção de pregos.
No grupo, ele é conhecido por dois extremos: o primeiro é "o jeito alemão", que detesta atrasos, não admite falta de qualidade e adora competir. O outro é "a porção brasileira", que o leva a ligar para qualquer pessoa da empresa, sem aviso prévio, para dar cumprimentos por um trabalho bem feito.
Amigo de FHC, em 2002 o empresário, até então considerado um eleitor de José Serra (PSDB), aproximou-se de Ciro Gomes (então no PPS). A Gerdau foi a maior doadora da campanha de Ciro, com R$ 1,315 milhão (para a campanha de Lula, ela doou R$ 500 mil).
Após a posse do petista, ele passou a integrar o Conselho de Desenvolvimento, mas irritou-se com a política de juros altos. Passou a evitar declarações públicas sobre política e aparições públicas com gente do governo.
Gerdau é crítico ferrenho do modelo tributário, da falta de incentivo à poupança e da sobrevalorização do real. Esta, combinada aos juros altos, cria um círculo vicioso que destrói a competitividade da indústria: os juros dificultam a venda no mercado interno, o dólar baixo encolhe o lucro do exportador.
Colunista da Folha desde 28 de maio deste ano, ele destaca os entraves que o Estado impõe ao crescimento da indústria e defende uma espécie de "choque de gestão" no setor público. A Gerdau, aliás, foi uma das empresas que patrocinou a reforma administrativa implantada por Aécio Neves (PSDB).


Colaborou a Redação


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