São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2008

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Chinaglia pede alternância entre PT e PMDB

Deputado sinaliza que apoio a Michel Temer para presidente da Câmara está condicionado ao apoio a Tião Viana no Senado

Em um jantar que contou com 15 dos 20 senadores do PMDB, o partido ratificou anteontem seu desejo de eleger o presidente da Casa

MARIA CLARA CABRAL
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), recolocou o PT na linha de ataque ontem ao dizer que o acordo que o levou à presidência da Casa envolve o revezamento no Senado e o "diálogo partidário".
As declarações do petista abrem espaço para o entendimento de que o compromisso de seu partido de apoiar Michel Temer (PMDB-SP) permite condicionar o apoio dos peemedebistas à candidatura do senador Tião Viana (PT-AC).
"Eu prefiro dizer que em nenhum momento o acordo esteve para ser rompido. Quando nós [petistas] redigimos o texto [de apoio ao PMDB na Câmara], é só ler o texto com atenção, é um texto equilibrado, que permite uma negociação envolvendo Câmara, envolvendo Senado, envolvendo um diálogo partidário que passa por estes e outros caminhos. Portanto creio que qualquer vaticínio do que vai ocorrer é prematuro."
O texto o qual o atual presidente se refere não faz nenhum tipo de condicionamento do apoio na Câmara ao quadro sucessório no Senado. Diz apenas que no processo não há a busca pela hegemonia, mas a repartição adequada de poderes.
O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), e o líder da bancada, deputado Maurício Rands (PE), disseram aos peemedebistas, no início da semana, que o apoio a Temer estava mantido independentemente da negociação no Senado. Já Chinaglia, que esteve no lançamento da candidatura do peemedebista, disse que está fazendo articulações e "alertas" para conduzir todo o processo.
Em jantar que contou com 15 dos 20 senadores do PMDB, a bancada do Senado ratificou anteontem à noite seu desejo de lançar um nome do partido como candidato à Presidência da Casa, minando as articulações de Tião Viana (PT-AC).
O principal articulador da idéia é o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele, inclusive, já avisou o presidente Lula que a bancada só aceitará um peemedebista no comando do Senado. O nome favorito é de José Sarney (PMDB-AP), que foi ao jantar realizado no apartamento de Valter Pereira (PMDB-MS). No encontro, Sarney disse que não quer ser candidato, mas na avaliação da maioria "não é, na verdade, um sim".
Calheiros pavimenta sua volta ao posto de líder de bancada, cargo que ocupou até 2005. Para tanto, precisa da ajuda de Sarney, e por isso trabalha para fazê-lo presidente. "Eu, Romero Jucá, Roseana e José Sarney estamos conversando com todos e com o presidente Lula, mas eu não postulo cargo algum", afirmou Calheiros à Folha: "Eu só quero ajudar".
Dentro do bancada, ele nunca perdeu sua ascendência, apesar do enfraquecimento sofrido durante o episódio Mônica Veloso. "Ele [Renan] não precisa de braçadeira para ser capitão. Renan sempre foi e sempre será líder", disse Wellington Salgado (PMDB-MG). Renan tem conversado com o PSDB e com o DEM. Ambos partidos não querem Tião Viana na Presidência do Senado.


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