|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INVESTIGAÇÃO
Magistrados são acusados de exigir propinas e desviar dinheiro público
Juízes são afastados no Amazonas
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
O Conselho Superior da Magistratura, que reúne os cinco desembargadores mais antigos do
Tribunal de Justiça do Amazonas,
decidiu anteontem, em sessão extraordinária, afastar temporariamente dois juízes acusados de irregularidades.
O juiz Adair Rebelo, licenciado
da 1ª Vara de Família de Manaus,
é acusado de exigir dinheiro para
homologação de partilha de bens,
e o juiz Wellington Araújo, da 2ª
Vara da Fazenda Pública de Manaus, foi acusado de desviar dinheiro de depósitos judiciais feitos pela Prefeitura de Manaus.
Rebelo havia sido citado em
uma reportagem da Agência Folha publicada no último dia 22 como sendo o pivô de um ofício enviado pelo Ministério Público Federal do Amazonas à Procuradoria Geral da República, em Brasília, sobre o desembargador Manoel Neuzimar Pinheiro, que é integrante do Tribunal de Justiça do
Estado.
Segundo o ofício encaminhado
pelo procurador Peterson Pereira,
em 2000, a empresária Sandra
Souza do Nascimento havia procurado Pinheiro para relatar que
Rebelo exigira dela R$ 100 mil para homologar uma partilha de
bens da qual era inventariante.
O desembargador se omitiu, segundo o procurador.
A Agência Folha não conseguiu
falar com os juízes afastados.
O relator do pedido de afastamento dos juízes foi o desembargador Ubirajara Francisco de Moraes, vice-presidente do Tribunal
de Justiça do Amazonas, denunciado neste mês pelo Ministério
Público Federal sob a acusação de
"negociar" decisões judiciais por
meio de seu filho, Júlio César Rubim Moraes.
O desembargador Moraes e seu
filho negam a acusação. A denuncia contra eles foi feita com base
em gravações feitas em junho do
ano passado em que Rubim Moraes aparece negociando valores
de uma decisão judicial.
Em entrevista ontem à imprensa local, a presidente do Tribunal
de Justiça, desembargadora Marinildes Costeira de Mendonça Lima, disse que o afastamento dos
juízes será formalizado na próxima segunda-feira e que eles foram
afastados apenas para facilitar as
investigações.
A desembargadora falou com
os jornalistas após participar de
uma solenidade pública ontem
pela manhã, em Manaus.
Segundo a presidente do TJ, as
supostas irregularidades já estavam sendo investigadas "de forma silenciosa" pelo Tribunal de
Justiça do Estado e que o afastamento foi uma resposta às notícias publicadas pela imprensa.
"Essa decisão [de afastar os juízes] foi tão somente para apurar
com mais liberdade os fatos que
foram noticiados, diga-se de passagem, em primeira mão, pela
imprensa.", disse a desembargadora. Os juízes afastados continuarão recebendo os salários.
Texto Anterior: Rio de Janeiro: Rosinha troca 7 secretários e amplia estrutura do governo Próximo Texto: Outro lado: Magistrados não são achados para falar sobre caso Índice
|