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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ ESTATAIS
Em dezembro de 2004, instituto pagou R$ 963,6 mil antes mesmo de receber encomenda; irregularidades vêm desde 2002, diz TCU
Embratur antecipou pagamento a agência
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma auditoria preliminar realizada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) na Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) identificou antecipação de pagamento
de R$ 963,6 mil para a agência de
publicidade McCann-Erickson,
em dezembro do ano passado, o
que não é permitido na administração pública.
Foram também encontrados indícios de irregularidades praticadas desde 2002, segundo o TCU,
envolvendo a agência e a Artplan,
com quem ela divide o contrato.
O pagamento antecipado foi para a produção de 80 mil folders
-impressos promocionais- e,
de acordo com a auditoria, foi autorizado pelo diretor de Marketing e Relações Institucionais, Edson Campos.
O pagamento foi efetuado em
30 de dezembro do ano passado e
as notas fiscais foram enviadas à
Embratur somente em janeiro.
Para os técnicos do tribunal, houve "flagrante descumprimento de
normas federais".
Outro lado
A assessoria de imprensa da
Embratur afirmou que o repasse
antecipado foi autorizado para
evitar que o serviço ficasse como
restos a pagar, já que era fim de
ano, e acabasse sendo incluído no
Orçamento da União de 2005, o
que acabaria gerando um atraso
no pagamento. Segundo a assessoria de imprensa, os folders já estavam na gráfica quando os recursos foram liberados.
Ainda de acordo com a assessoria de imprensa, foi feita uma sindicância interna na qual se apurou que não houve má-fé, mas o
diretor de Marketing foi advertido. A Folha ligou ontem para a
McCann-Erickson e para a Artplan, mas as agências estavam em
recesso. A assessoria de imprensa
da Embratur negou os outros indícios de irregularidades listados
no relatório do tribunal.
CPI dos Correios
O documento está sendo analisado pelos técnicos da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)
dos Correios. O primeiro caso de
antecipação de pagamento em
empresa estatal que surgiu na CPI
foi no Banco do Brasil, que autorizou em 2003 e 2004 o repasse de
R$ 73,8 milhões de recursos do
fundo Visanet para a DNA, agência de Marcos Valério de Souza. O
banco possui 30% das cotas desse
fundo. Desse montante, não foram encontradas notas fiscais ou
qualquer tipo de recibo que comprovem gastos de R$ 23,2 milhões, de acordo com auditoria
interna do Banco do Brasil.
Na Embratur a auditoria preliminar também constatou que as
duas agências de publicidade contratariam sempre os mesmos fornecedores. "A repetição sistemática ocasiona restrição do universo de competição", diz o documento. A Embratur é subordinada ao Ministério do Turismo, dirigido por Walfrido Mares Guia
(PTB).
Outra suposta irregularidade
encontrada pelo TCU seria a utilização das agências para subcontratar serviços que não estariam
no âmbito do contrato de publicidade. Elas recebiam comissão por
isso e o ministério não precisava
fazer licitação. Ainda é citado no
documento a realização de aditivos no contrato das agências que
ultrapassam o limite de 25%.
(FERNANDA KRAKOVICS)
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