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CONTAS PÚBLICAS
Medidas garantem arrecadação extra de R$ 5,4 bilhões em 99
Malan anuncia pacote para compensar perda da CPMF
da Sucursal de Brasília
O governo
anunciou ontem, penúltimo
dia do ano, um
pacote de medidas para gerar
uma arrecadação adicional de
R$ 5,4 bilhões no próximo ano.
Novas medidas e cortes de gastos
ainda serão divulgados em janeiro
com o objetivo de obter mais R$ 1,3
bilhão, totalizando recursos de R$
6,7 bilhões em 99.
Essa receita que o governo espera
obter com as medidas corresponde ao valor que deixará de ser arrecadado em 1999 devido à demora
na votação da prorrogação da
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira) e
ao atraso na cobrança da contribuição previdenciária dos servidores inativos.
"O hiato desses recursos será
compensado por meio de outras
medidas para garantir o resultado
fiscal estimado para 99", disse o
ministro Pedro Malan (Fazenda),
ao anunciar as medidas. Segundo
ele, o ajuste fiscal é importante para "dar continuidade ao processo
de redução das taxas de juros".
Com essas medidas, o governo
federal pretende garantir em 99
um superávit primário de R$ 16,3
bilhões. O superávit primário é
quanto o governo federal economiza de sua receita para pagar sua
dívida. As principais medidas são:
1) mudanças no cálculo da CSLL
(Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido), elevando o valor a ser
pago, e alterações na legislação do
Imposto de Renda nas operações
de renda fixa e variável, de remessa
de dinheiro ao exterior e no financiamento de exportação que acaba
destinado a outra finalidade;
2) ampliação temporária da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em 0,38 ponto
percentual a partir de 24 de janeiro, inclusive em algumas operações cuja alíquota atual é zero;
3) antecipação de receita de privatização da Telebrás, que seria repassada ao Tesouro somente em
agosto do ano 2000. A transferência, no valor de R$ 1,4 bilhão, será
antecipada para o primeiro trimestre de 99.
Outras medidas para cortar gastos ou elevar a arrecadação serão
anunciadas em janeiro, assim que
estiverem prontos, disse o secretário Amaury Bier (Política Econômica). "Se forem necessárias medidas adicionais, eu quero deixar
claro que nós as tomaremos."
As medidas ainda em estudo não
foram anunciadas ontem porque
elas poderão ser aplicadas no mesmo ano em que forem adotadas.
Não estão sujeitas ao princípio que
prevê a cobrança de tributos só no
ano seguinte ao de sua criação.
As mudanças afetam mais as empresas do que as pessoas físicas
-mesmo com as mudanças, o IOF
atingirá um número menor de
contribuintes do que a CPMF.
O secretário da Receita Federal,
Everardo Maciel, afirmou que não
haverá aumento do Imposto de
Renda das Pessoas Físicas.
Se não adotasse essas medidas, o
governo poderia não atingir as metas acertadas no acordo assinado
com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para 1999 e que garantiu recursos externos de US$
41,5 bilhões para o Brasil.
Malan disse que essas medidas
não substituem a prorrogação da
CPMF por mais 36 meses (com alíquota de 0,38% nos 12 primeiros
meses e 0,30% nos 24 seguintes) e a
cobrança de contribuição previdenciária dos inativos, proposta
que será enviada mais uma vez ao
Congresso no começo de 99.
Para compensar os efeitos recessivos do ajuste fiscal, o governo vai
reduzir a TJLP (Taxa de Juros de
Longo Prazo) a partir de 1º de janeiro, disse Malan. Segundo ele,
essa medida foi negociada com o
futuro ministro do Desenvolvimento, Celso Lafer. A TJLP deve
cair dos atuais 18% ao ano para
cerca de 12% anuais. Ela é usada
nos financiamentos do BNDES.
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