Campinas, Sexta-feira, 02 de Março de 2001

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CASO MOLINA
Universidade alega que ex-funcionário retirou pastas e fitas de laboratório de Fonética Forense sem autorização
Unicamp vai à polícia contra foneticista demitido

Valéria Abras 27.fev.2001
O foneticista Ricardo Molina durante entrevista em sua casa


DA FOLHA CAMPINAS

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) registrou ontem um boletim de ocorrência contra o foneticista Ricardo Molina por apropriação indébita de pastas contendo requisições para perícias e fitas dos casos.
O material estava sob a guarda da universidade e havia sido encaminhado por membros do Ministério Público, Polícia Civil e Poder Judiciário, segundo nota oficial divulgada pela Unicamp na noite de ontem.
Molina foi demitido por justa causa na quinta-feira da semana passada. A universidade alegou que ele usou dinheiro público (da Unicamp) para gastos pessoais.
Segundo a nota, "após a demissão, Molina dirigiu-se ao laboratório de Fonética Forense e retirou sem qualquer autorização as referidas pastas".
O foneticista coordenava o laboratório antes da demissão.
A Unicamp informou que está adotando medidas judiciais cabíveis, "no sentido de resguardar a integridade dos materiais a ela confiados pelas instituições interessadas nas perícias".
Molina disse ontem que também vai registrar um boletim de ocorrência contra a Unicamp pela lacração das salas e por tê-lo impedido de entrar no local onde ele afirma possuir diversos documentos particulares.
""Tenho vários laudos e gravações que eu fiz e documentos particulares. A universidade não tem o direito de lacrar a sala com todo o material", disse.
O foneticista afirmou que a Unicamp teria lacrado e vistoriado o departamento à procura de provas que o perito teria contra a universidade.
""Eu sei o que eles estão procurando. Não tirei documento nenhum do departamento. Tudo que eu tenho em casa hoje é porque é meu e já havia trazido para trabalhar. É só a Unicamp dizer o que está comigo, e se estiver, eu devolvo", disse Molina.

Investigação
O STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp) informou ontem que entrará com uma representação no Ministério Público Estadual para que todas as denúncias feitas por Molina sejam investigadas.
Molina afirmou que um dos motivos de sua demissão foi a ligação da reitoria da instituição com o governo FHC. Ele disse ter estranhado que a sua demissão tenha ocorrido no mesmo dia em que a revista "Isto É" solicitou a ele a análise de uma fita cassete com a gravação de uma conversa entre o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) com três procuradores.
O foneticista disse ainda que vai requisitar uma investigação da Justiça sobre um suposto esquema de "lavagem de dinheiro" promovido pela Funcamp (Fundação para o Desenvolvimento da Unicamp).
O STU informou, por meio de uma nota, que já apresentou ao Ministério Público do Trabalho diversas irregularidades na contratação de mão-de-obra pela Funcamp para prestar serviço.
"As denúncias do STU motivaram, inclusive, a abertura de uma ação civil pública contra a Unicamp e Funcamp, em 95, e que prossegue até hoje", segundo informou a nota do sindicato.
A Unicamp nega as acusações e afirma que demitiu Molina depois de constatar irregularidades por meio de uma sindicância interna aberta em 99.



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