Campinas, Sábado, 02 de Junho de 2001

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GOVERNO ITINERANTE
Governador participa do aniversário de cem anos da Esalq; evento pode virar ato político com protestos
Alckmin leva sede do governo a Piracicaba

Ricardo Lima/Folha Imagem
Vista de fachada de um dos prédios históricos da Esalq, em Piracicaba, onde o governador Geraldo Alckmin montará seu gabinete


RICARDO BRANDT
DA FOLHA CAMPINAS

A cidade de Piracicaba será hoje e amanhã a sede oficial do governo do Estado durante as comemorações dos cem anos da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz) da USP (Universidade de São Paulo). O evento acadêmico, que conta com a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB), corre o risco de ser transformado em ato político.
Entidades e grupos organizados planejam promover protestos contra o governador e prefeitos devem fazer pedidos de liberação de verbas para as suas cidades.
Alckmin usará a sala da diretoria da faculdade como gabinete político durante os dois dias.
Há reunião com os secretários de governo agendada para as 10h de hoje, inauguração do prolongamento da rodovia dos Bandeirantes para amanhã e entrevista coletiva com a imprensa.
É a segunda vez, durante os sete anos da atual administração tucana, que a sede do governo é transferida para outra cidade.
Em fevereiro de 2000, o governador Mário Covas, morto em março passado, transferiu a sede por três dias para São Vicente na comemoração dos 500 anos de descobrimento do Brasil.
Na ocasião, despachando com prefeitos da região litorânea, Covas anunciou obras que superaram R$ 170 milhões em investimento. O Palácio dos Bandeirantes informou que não havia previsão de liberação de verbas.
"Não dá para afirmar que essa atitude faz parte de uma agenda política. O Alckmin assumiu agora e pode ser o estilo dele de governo", disse o deputado estadual Petterson Prado (PPS).
O deputado, no entanto, afirmou que o período já evidencia o início dos trabalhos de campanha eleitoral para 2002.
O prefeito de Piracicaba, José Machado (PT), foi convidado pelo governador para uma reunião formal hoje, às 16h. "Não vou fazer qualquer cobrança. O evento é de comemoração e não de agenda política", declarou.
A deputada estadual Célia Leão (PSDB) afirmou que as visitas fazem parte do papel político do governador, mas negou que fosse uma agenda de campanha.
"É um ato de apoio e estímulo ao ensino superior", afirmou.
O presidente da Esalq, Júlio Marcos Filho, disse acreditar que o caráter acadêmico do evento prevaleça. Sobre a decisão de transferir a sede do governo para Piracicaba, ele declarou que o fato "não deixa de ser uma surpresa".
A transferência formal ocorreu com a assinatura do decreto n.º 45.819, no último dia 24 de maio.
O governador chega hoje, às 10h, de helicóptero, no campus da Esalq. A data oficial dos cem anos é amanhã.
A Polícia Militar reforçou a segurança na cidade. O subcomandante da polícia local, major Antônio Marcolino Ferreira, disse que haverá reforço na Esalq e no resto da cidade. A Casa Militar preparou um esquema especial.

Protesto
Pelo menos um grande ato de manifestação está previsto para acontecer amanhã, às 12h.
A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), que organizou a manifestação com outras entidades, vai apresentar uma pauta de reivindicações próprias, mas usará o espaço para apoiar a abertura da CPI da corrupção, entre outras coisas.
Durante a semana, as escolas estaduais receberam um comunicado informando sobre o ato de protesto.
Representantes dos produtores de cana da cidade também tentarão uma reunião com o governador para discussão da proibição estadual à queima da palha da cana-de-açúcar.
Do lado dos aliados políticos, o governador também será assediado por prefeitos, vereadores e membros de diretórios e lideranças ligadas ao partido tucano, que, durante a semana, elaboraram um manifesto.
Os pedidos são de conclusão da hidrovia Tietê-Paraná e duplicação da rodovia do Açúcar.
"Sabemos que pode haver uma brecha na agenda do governador e vamos tentar uma reunião. Acho legítima qualquer forma de chamar a atenção do governo", disse o líder da bancada do PSDB na Câmara de Piracicaba, José Otávio Mentem.


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