Campinas, Quarta, 2 de junho de 1999

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Greve aumenta a crise na saúde e deixa 51 mil sem aula em Campinas

Marcos Peron/Folha Imagem
O servidor Carlos Rogério Peria (de boné vermelho) cai no meio dos PMs durante confusão na garagem


GUSTAVO PORTO
ELI FERNANDES
free-lance para a Folha Campinas

A greve dos servidores de Campinas agravou ontem a situação nos setores da saúde e educação, atingindo mais de 60 mil pessoas.
O setor mais atingido ontem foi o de Operações que, segundo o sindicato, teve 90% de paralisação.
A greve foi deflagrada na sexta-feira passada, mas passou a atingir de fato a população de Campinas a partir de anteontem.
Pelo menos 9.100 pessoas deixaram de ser atendidas na rede pública de saúde e 51 mil alunos ficaram sem aulas ontem, segundo o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal.
Segundo o sindicato, cerca de 80% dos 13,7 mil servidores não trabalharam ontem. Anteontem, a adesão foi menor, de 55%. Eles sitiaram o Paço Municipal por quatro horas e meia e quase entraram em conflito com policiais militares.
Os servidores pedem o pagamento de benefícios cortados pelo prefeito Francisco Amaral (PPB), o pagamento integral dos salários de maio e a criação de uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) para apurar possíveis irregularidades na folha de pagamento da administração. A greve deve ser julgada hoje pelo juiz do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) em Campinas Antonio Mazzuca.
Na educação, a paralisação foi de 80%, e, na Saúde, 70%, porque os 30% de urgência e emergência estão sendo mantidos.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, a greve paralisou totalmente 47% dos 67 postos de saúde, prontos-socorros e laboratórios. Somente 13 funcionaram normalmente, sendo que dez operaram em regime emergencial.
Pacientes que procuraram postos de saúde municipais ontem tiveram que ir ao Hospital Celso Pierro, da PUC-Campinas, que teve seu atendimento sobrecarregado pelo segundo dia consecutivo.
O HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) também sentiu reflexos da greve do funcionalismo.

CEI
Seis vereadores já assinaram o requerimento do vereador Carlos Signorelli (PT) que pede a instauração da CEI da folha de pagamento na Câmara de Campinas.
Para que o requerimento seja protocolado, são necessárias sete assinaturas, e para que a abertura da CEI seja aprovada em plenário, é necessária a votação a favor de metade mais um dos vereadores presentes na sessão.
Ontem, a prefeitura publicou no "Diário Oficial" do Município a exoneração de 65 servidores que ocupavam cargos em comissão.
As demissões ocorreram, segundo o prefeito Chico Amaral, como parte das medidas de contenção dos gastos.
Ainda no "Diário Oficial" do Município foram publicadas as relações de bens dos membros do primeiro escalão do governo. O secretário das Finanças e dos Recursos Humanos, Álvaro César Iglesias, é o que mais tem propriedades.
Iglesias possui sete apartamentos, seis casas e participação em outras oito casas e metade de dois prédios comercias, entre outros bens. Ele não foi localizado ontem.



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