Campinas, Quinta, 2 de setembro de 1999

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QUESTÃO AGRÁRIA
Desocupação de área em Piracicaba começou ontem de manhã com 270 PMs
Sem-terra acampam em Limeira

Frâncio de Hollanda/Folha Imagem
Integrantes do MST desmontam acampamento da fazenda Maria Angela, às margens da rodovia SP-147, em Piracicaba


RICARDO BRANDT
free-lance para a Folha Campinas

Os 1.200 sem-terra que ocupavam desde o dia 5 do mês passado uma área às margens da rodovia SP-147, em Piracicaba (80 km de Campinas), começaram a ser despejados ontem e removidos para um sítio em Limeira (56 km de Campinas), ao lado de uma ocupação de sem-teto já existente na cidade.
O sítio tem 46 mil m2 e fica a sete quilômetros do centro de Limeira, no bairro Lagoa Nova.
O terreno foi cedido pelo Banco do Brasil após um pedido feito anteontem pelo Incra (Instituo Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Após enfrentar o sexto despejo, os sem-terra do acampamento Nova Canudos conseguiram, pela primeira vez, fazer com que o governo do Estado cedesse oficialmente uma área para a ocupação.
"O que nos incentivou a intervir no caso foi a proposta dos sem-terra de formação de um centro de capacitação agrícola para os sem-terra", disse Gersino José da Silva Filho, ouvidor agrário nacional.
O coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Gilmar Mauro, disse que a área conseguida pelo Incra não pode ser vista como uma conquista para o grupo.
"O terreno é duas vezes menor que o que foi solicitado ao Incra e deve ser ocupado provisoriamente", afirmou.
Os sem-terra pediram ao Incra que conseguisse para eles uma área de 150 mil mē para a criação do centro de ensino. Os 46 mil m2 cedidos devem prejudicar o desenvolvimento dos trabalhos, segundo Mauro.
"Precisamos de uma terra onde possamos morar e que ainda sobre espaço para a plantação", disse Mauro.

Despejo
Metade dos 1.200 sem-terra já havia sido transferida para a área em Limeira até a noite de ontem. O restante deve deixar o local hoje. A Prefeitura de Piracicaba disponibilizou 15 caminhões e dez ônibus para que fosse realizada a mudança de local.
Cerca de 270 soldados, entre eles a Tropa de Choque da Polícia Militar de São Paulo, participaram da ação de reintegração de posse.



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