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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Prefeitura deixou de arrecadar R$ 6 milhões só com os 40 processos revistos desde setembro de 97
Engenheiro afirma que descumpriu lei
GUSTAVO PORTO
free-lance para a Folha Campinas
O engenheiro
do DRI (Departamento de Receitas Imobiliárias) da Prefeitura de Campinas, Antônio
Sérgio Assunção
Tavares, afirmou ontem que descumpriu a legislação municipal na
revisão do IPTU (Imposto Predial
e Territorial Urbano) de pelo menos 40 empresas entre setembro de
97 e dezembro de 98.
Com o descumprimento, a prefeitura deixou de arrecadar R$ 6
milhões só naquele período.
As afirmações foram feitas à CEI
(Comissão Especial de Inquérito)
que apura irregularidades na revisão do IPTU. Tavares afirmou que, em
seus laudos, seguiu planilhas de
avaliação da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas).
O engenheiro disse que a ABNT é
regulamentada por lei federal, o
que foi negado pela assessoria da
associação e pelo presidente da
Aeac (Associação dos Engenheiros
e Arquitetos de Campinas), Paulo
Sérgio Saran.
"A ABNT apenas estabelece normas e elas são inferiores às leis municipais que ele (Tavares) deveria
seguir", afirmou Saran.
"Eu não poderia fazer pelo Mapa
de Valores, mas, sim, seguir a
ABNT, que é mais técnica", afirmou Tavares, que está suspenso
por 30 dias e é alvo de um inquérito
administrativo.
Ele disse que avisou o ex-diretor
do DRI José Humberto Rodrigues
de Freitas sobre sua atitude. Freitas
confirmou ter sido avisado.
Tavares era o engenheiro responsável por realizar laudos nas
empresas que contestavam o valor
do IPTU lançado. Essas empresas
anexavam um laudo feito por uma
empresa de consultoria no pedido
de revisão. O laudo de Tavares determinava qual seria o padrão do
imóvel e o valor lançado.
Se Tavares seguisse o Mapa de
Valores do Município (lei municipal 9.927/98), a sua avaliação seria
parecida com o que constava no
IPTU lançado. Ao seguir as normas da ABNT, o laudo reduzia o
valor do imóvel e era semelhante
ao apresentado pela empresa.
O engenheiro afirmou que o imposto de Campinas é superestimado. "Em outras cidades os valores
venais dos imóveis são muito menores e o imposto é mais barato."
O engenheiro afirmou que ele é o
único engenheiro especializado na
prefeitura no assunto e que antes
dele não havia profissionais qualificados para as análises.
"Nunca houve esse trabalho técnico, pois antes eram apenas fiscais que faziam essas avaliações."
Em relação ao método utilizado
em seu trabalho, ele afirmou que
sempre ia às empresas fazer laudos
para a prefeitura junto com uma
pessoa da consultoria.
Dos 40 casos analisados pelo engenheiro, a imensa maioria é da
Avesp. "Eu achava estranho, mas
não contestei. Eles (Avesp) praticamente monopolizaram por terem se especializado no assunto."
A Avesp não se pronunciou ontem sobre o depoimento do engenheiro da prefeitura.
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