Campinas, Quinta-feira, 07 de Junho de 2001

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AMBIENTE
Ministério Público determina que 56 empresas façam recuperação ambiental de área próxima a aterro industrial
Aterro contamina água de sítio em Posse

Marcos Peron/Folha Imagem
Lagoa com óleo em aterro de lixo em Santo Antônio de Posse


ANA PAULA MARGARIDO
DA FOLHA CAMPINAS

O Ministério Público Estadual determinou que 56 empresas elaborem um plano conjunto de recuperação ambiental de uma área rural contaminada por resíduos tóxicos depositados em um aterro de lixo industrial em Santo Antônio de Posse (44 km de Campinas). O aterro foi desativado em 87, mas recebeu lixo tóxico até 95.
A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) constatou que solventes orgânicos provenientes do aterro contaminaram o lençol freático do local e do sítio Santa Adélia.
A Cetesb monitora o aterro Mantovani para saber quais os tipos de solventes que contaminaram o lençol freático e quantos sítios podem ter sido atingidos.
A Promotoria, a Cetesb e as empresas se reuniram na semana passada e decidiram formar um grupo de trabalho para definir a recuperação da área.
O aterro é cercado por pequenas propriedades produtoras de legumes, hortaliças, laranja e cana-de-açúcar, que são comercializados na cidade. "Temos medo de beber água do poço", disse o produtor rural Osmar Setim, que mora ao lado do aterro.
A água subterrânea está contaminada por solventes orgânicos, entre eles o 1,2-dicloretano -substância tóxica, potencialmente cancerígena, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). O índice de contaminação por 1,2-dicloretano encontrado no poço do Santa Adélia foi de 40,3 microgramas por litro, em abril passado. O índice é 5,7 vezes superior ao recomendado pela OMS.
A contaminação levou a Cetesb a alertar o proprietário para não utilizar a água subterrânea até a conclusão dos estudos no local.
A constatação de que a substância tóxica teria saído da área do aterro foi apontada em outro monitoramento realizado em outubro do ano passado, quando a concentração de 1,2-dicloretano detectada na água foi de 14,4 microgramas por litro.
Em uma nova avaliação, em fevereiro deste ano, a Cetesb encontrou um pouco menos da metade da concentração anterior -7,85 microgramas por litro de água.
Há um mês, a Cetesb coletou novas amostras de água no sítio, no rio Pirapitingui e no córrego que margeia o rio -também próximos ao aterro. Ainda não há prazo, segundo a Cetesb, para a conclusão das análises.
O vazamento de solventes no lençol freático é resultado da falta de manutenção no aterro.
Segundo a Cetesb, desde 87, o Mantovani recebeu três advertências e cinco multas. A agência determinou que, os responsáveis pelo aterro, mesmo desativado, adotassem medidas para evitar a saída da contaminação.
O proprietário do aterro, Waldemar Mantovani, já foi condenado em uma ação civil pública, movida pela Promotoria de Mogi Mirim, ao pagamento de indenização pelo dano ambiental.
No último dia 16 de maio, Mantovani foi multado pela Cetesb em R$ 93 mil. Mantovani não atendeu a Folha ontem.


As empresas notificadas pela Cetesb: Acebrás, Akzo Nobel, Basf, Boehringer, Brazão, Buckman, Cagigo, Carioquímica, CBTI, Ciquine Plasbaté, Clanant, Companhia Petroquímica Ciquine, CIM Citrus, DuPont, Embraer, Fairchild, Filtros Mann, Fronteira, Gulf, Huzicromo, Hydrosol, Indústria Campineira de Sabão e Glicerina, Indústria Elétrica Marangoni, Itelpa Screens, Itoil, Johnson & Johnson, Lubrasil, Lubrinasa, Mercedes-Benz, Moinhos Cruzeiro, Monte D'Oeste, New Part, Nobel, Pardal, Partington Chemicals, Plastin, Polipetro, Proquímica, Quimph, Refinaria de Petróleo de Manguinhos, Regenera, Robert Bosch, Sanofi Sythelaco, São Paulo Alpargatas, Servind, Sospo, Sulfabrás, Supremais, Texaco, Texas, Vasilhames São Mateus, Vitória, Wall e Yanmar

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