Campinas, Quinta-feira, 07 de Dezembro de 2000

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NARCOTRÁFICO
Oito empresas foram citadas pelo suposto envolvimento com crime organizado; outros nomes ficaram fora
Relatório da CPI pede 41 indiciamentos

Beto Barata/Folha Imagem
O deputado Robson Tuma (o terceiro da dir. para a esq.) e integrantes da CPI entregam relatório a Michel Temer (PMDB), ao centro


RICARDO BRANDT
DA FOLHA CAMPINAS

A CPI do Narcotráfico aprovou ontem por unanimidade o relatório final que pede o indiciamento de 41 pessoas e dos responsáveis por oito empresas da região de Campinas por suposto envolvimento com o crime organizado.
As acusações são de narcotráfico, roubo de cargas, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, crime organizado e emissão de laudos médicos falsos.
Os indiciamentos solicitados pela CPI não têm peso jurídico e servirão apenas de ponto de partida para a análise do Ministério Público que poderá ou não oferecer denúncias formais à Justiça.
Entre os suspeitos citados em Campinas durante os trabalhos da CPI, oito pessoas ficaram de fora dos pedidos de indiciamento aprovados.
Entre eles, está o vereador Roberto Mingone (PFL), que foi convocado para depor, mas sequer consta do relatório.
Em quase dois anos de investigações em Campinas, a CPI concluiu que os crimes de roubo de cargas e narcotráfico são os dois que mais se destacam.
A cidade aparece na CPI como principal centro de roubo de cargas do Estado de São Paulo.
O sub-relatório de Campinas foi um dos que mais tiveram pedido de indiciamento.
O principal acusado pelos deputados é o empresário foragido William Walder Sozza. Ele, segundo a CPI, é o líder de uma quadrilha formada para roubo de cargas, receptação de cargas e até mesmo narcotráfico.
A informação é do deputado federal Pompeo de Mattos (PDT-RS), sub-relator para Campinas.
"O roubo de cargas em Campinas conseguiu um grau de especialização que torna muito difícil as investigações", disse Mattos.
"A modalidade criminosa do roubo de cargas foi uma das que mais nos chamaram a atenção, depois do tráfico, por causa da alta movimentação financeira verificada", disse o presidente da CPI, Magno Malta (PTB-ES).
O relatório final da CPI, votado e aprovado na madrugada de ontem, é divido por itens.
Os crimes de narcotráfico, roubo de cargas e lavagem de dinheiro foram os que mais renderam pedidos de indiciamento em Campinas.
É nesse item que aparecem os nomes do advogado Arthur Eugênio e dos empresários Marco Aurélio Sozza e Alexandre Negrão. Todos negaram seu envolvimento com os crimes.
"Esse relatório final é uma obra de ficção de deputados sem nenhuma responsabilidade", disse Mathias.

Incompleto
Um dos casos mais investigados e que menos apresentou novos fatos foi o sumiço dos 340 quilos de cocaína do prédio do IML (Instituto Médico Legal) de Campinas, em janeiro de 99. "Reconheço que foi no caso do roubo da cocaína onde conseguimos menos resultados. Não deu para provar quem fez aquilo", disse Mattos.


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