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COMPORTAMENTO
Campineiros desempregados atuam como malabaristas e até "cuspidor de fogo" para se sustentar
Jovens encontram sobrevivência na arte
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local
A eliminação de postos de trabalho e a dificuldade técnica para ingressar no mercado formal estimulou, no último ano, cerca de
3.500 jovens a buscar caminhos alternativos para ganhar dinheiro.
Eles guardaram os diplomas e sobrevivem hoje até como "cuspidores de fogo", malabaristas ou
artistas de rua.
Segundo dados da Acic (Associação Comercial e Industrial de
Campinas), no último ano, 10%
das demissões foram de trabalhadores de 15 a 24 anos, o que representa cerca de 9.000 jovens.
Segundo o economista da Acic,
Laerte Martins, praticamente
3.500 deles trabalham com seus
dons artísticos, em um setor que
movimenta hoje cerca de R$ 2,5
milhões por mês.
De acordo com dados da associação, o valor representa 1,5% do
mercado formal, que movimenta
R$ 160 milhões por mês. Segundo
ele, a renda mensal de um trabalhador autônomo varia entre R$
600 e R$ 700.
"O mercado está exigente.
Aprender computação e língua estrangeira se tornou básico. Com
medo do desemprego, a pessoa
precisa entrar no ritmo da empresa. Quem não se adapta, usa a criatividade e busca outras alternativas", disse o economista.
Foi o que fez o tecnólogo elétrico
Marco Aurélio Valente Alberti, 35,
que há seis trabalha com peças teatrais e com performance. Hoje ele
é Coré Valente no meio artístico.
"Consegui aliar o prazer de ser
cientista com o mundo da arte.
Sou um 'artista-cientista", disse.
No trapézio
Hoje ele atua como "cuspidor
de fogo" em festas e apresentações
circenses. Também é músico, professor de técnicas circenses e participa de peças teatrais.
A desvantagem, segundo ele, é a
instabilidade financeira. Coré trabalha 14 horas por dia em diferentes projetos e, no final do mês, ganha cerca de R$ 1.500. Mesmo reconhecendo que poderia ganhar
mais como tecnólogo, ele garante
que fez a melhor opção.
"Ás vezes tenho vontade de ser
um cidadão normal, mas acho que
não compensa ser estático. Cada
dia é um mergulho no nada. Como
um trapézio da vida", comparou.
O dançarino e garoto-propaganda Marcelo Rodrigues, 33, abandonou o curso de dança na Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas) e hoje divide seu dia na
Confraria de Dança -onde leciona- em participações em espetáculos e propagandas.
A analista de sistemas Ana Cristina (nome fictício) trabalha à noite em Campinas como dançarina
performática. "É uma grana a
mais. Ganho por noite cerca de R$
150", disse. Os pais dela não sabem. "Foi uma questão de necessidade financeira", disse.
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