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POLÍTICA
Vereador é acusado de falta de decoro ao aproveitar seu cargo para oferecer serviços de advocacia
Câmara define cassação de João Dirani
GUSTAVO PORTO
free-lance para a Folha Campinas
A cassação do vereador e corregedor legislativo João Dirani Júnior (PRP) foi definida por um
grupo de vereadores da Câmara
Municipal de Campinas e só não
vai ocorrer em agosto, quando a
Casa volta do recesso, se o parlamentar renunciar antes.
A cassação, que será inédita no
Legislativo, deve ocorrer para que
a Câmara limpe a sua imagem,
"manchada" pelo arquivamento
do primeiro processo contra Dirani no mês passado.
Durante uma reunião na sala da
Presidência da Câmara, ocorrida
nesta semana, o assunto foi discutido e todos os vereadores concordaram que a cassação é inevitável.
Dirani é acusado de falta de decoro parlamentar ao praticar advocacia administrativa por oferecer serviços de revisão de IPTU
(Imposto Predial e Territorial Urbano) para empresas utilizando
de seu cargo na Câmara.
Ele é investigado ainda pelo uso
do carro oficial em uma viagem
para Marataízes (ES), onde teria
agredido o motorista André Ramatis Vanderley, da Câmara.
Três processos estão em andamento na Câmara contra Dirani.
O primeiro é um recurso do PT
pedindo a reabertura do processo
para apurar a prática de advocacia administrativa.
O anterior foi arquivado a pedido da CCLR (Comissão de Constituição, Legalidade e Redação) da
Câmara, que considerou as denúncias improcedentes.
O segundo processo é uma CP
(Comissão Processante) criada
por partidos políticos e entidades
sindicais.
A forma como a Câmara tratou
esse processo mostra como a cassação de Dirani é inevitável.
Ao invés de ser enviado para a
CCLR, o pedido de abertura da
CP foi encaminhado ao corregedor-substituto Luiz Carlos Rossini (PMDB).
Segundo ele, a medida foi tomada para que o processo não fosse
arquivado pela Presidência da
Câmara.
A representação se baseia no
decreto-lei 201/67, que determina
como deve ser o processo de cassação de prefeitos e vereadores.
A mesma justificativa tinha sido
usada anteriormente na Câmara
para tentar cassar o vereador, mas
foi recusada pela Mesa Diretora,
após parecer da procuradoria jurídica da Casa.
Segundo o parecer, a LOM (Lei
Orgânica do Município) deve determinar como é o processo de
cassação, e não o decreto-lei.
"Estou esperando a representação e vou analisar", afirmou Rossini.
O terceiro e mais rápido caminho para a cassação de Dirani é a
Comissão de Sindicância aberta
na Casa para apurar a viagem e a
agressão em Marataízes.
Dirani será ouvido na segunda-feira. O motorista, na terça.
O vereador Dário Saadi (PSDB),
presidente da comissão, que é formada ainda por dois funcionários
da Casa, afirmou que pretende
encerrar rapidamente os trabalhos. Ele admite que a situação de
Dirani é quase insustentável.
"Eu não posso dar um parecer
antes de ouvir o vereador", afirmou Saadi.
Segundo ele, Rossini também
vai acompanhar as investigações
como corregedor-substituto.
Todos os procedimentos investigativos feitos pela Câmara serão
encaminhados à CCLR, que dará
um parecer final que será votado
em plenário.
O presidente da CCLR, vereador Roberto Mingone (PFL), afirmou que vai esperar as investigações terminarem.
"O meu voto no primeiro processo foi favorável à cassação.
Não sei o que pode mudar a minha opinião."
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