Campinas, Sábado, 11 de Março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha

Próximo Texto | Índice

SAÚDE
Mulher morre em Campinas depois de ser imunizada contra a doença; 2 milhões foram vacinados na região
São Paulo suspende vacinação contra febre amarela para investigar reações

ANA PAULA SCINOCCA
free-lance para a Folha Campinas
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo decidiu ontem interromper temporariamente a vacinação de rotina contra a febre amarela no Estado. A decisão foi motivada pela morte de uma paciente em Campinas (SP), que contraiu febre amarela vacinal depois de ter tomado a vacina.
Segundo nota da secretaria, o caso é "extremamente raro". A suspensão da vacinação de rotina se mantém até o Estado descobrir o que houve. A vacina continuará a ser dada a quem for para áreas de risco da doença. A vacina continua sendo recomendada como proteção.
Jarbas Barbosa, diretor do Centro Nacional de Epidemiologia da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), informou que na próxima segunda-feira vai se reunir com técnicos da Funasa para avaliar as medidas que serão tomadas no resto do país.
"Provavelmente adotaremos a mesma posição de São Paulo, mantendo a vacinação apenas para quem visitar ou morar em áreas endêmicas".
Barbosa diz que a vacina é segura. "Esse caso não muda a nossa concepção de que a vacina é extremamente segura e eficaz", diz.
Na região de Campinas, foram vacinados desde o início do ano 2 milhões de pessoas, e só houve esse caso de reação à vacina.
O Instituto Adolfo Lutz divulgou ontem laudo confirmando que a costureira Kate Cristina Ramos, 22, morreu em 27 de fevereiro em decorrência de complicações de febre amarela, 11 dias depois de ter sido vacinada contra a doença. Ela morava em Americana (133 km a noroeste de São Paulo).
A vacina da febre amarela é composta pelo próprio vírus da febre amarela, só que atenuado.
O laudo do Adolfo Lutz apontou que o vírus readquiriu, de alguma forma, suas propriedades levando a paciente à morte.
O laudo apontou que Kate não tinha indicações de ter contraído a doença em nenhuma região do Brasil.
A família de Kate diz que ela começou a apresentar reação à vacina quatro dias após receber a dose. Ela teve dor de cabeça, olhos amarelados e sangramento interno.
Segundo a Secretaria da Saúde, a partir de agora devem se vacinar apenas pessoas que estejam em viagem para áreas onde a febre amarela é endêmica -regiões Norte, Centro Oeste e parte do Maranhão.
De acordo com o secretário da Saúde, José da Silva Guedes, vai ser criada uma comissão para fazer uma avaliação aprofundada desse caso. Esse é o segundo caso do tipo documentado no mundo. O primeiro ocorreu em Goiânia em dezembro passado quando uma criança de 5 anos morreu oito após receber uma dose da vacina.
Segundo a Funasa, o exame dessa criança sugeriu que era ela imunodeprimida (tinha deficiência no sistema imunológico). Pessoas com esse problema não devem tomar a vacina.
A diferença para o caso atual é que Kate parece não ter nenhum antecedente de imunodepressão. O lote da vacina que Kate recebeu (995fb029z) possuía 1.039.750 doses.
Cinquenta mil doses desse lote ainda estão estocadas, mas segundo Guedes não serão utilizadas. Ele nega que possa haver qualquer problema na fabricação da vacina.


Próximo Texto: Benefícios superam riscos, dizem médicos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.