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SAÚDE
Mulher morre em Campinas depois de ser imunizada contra a doença; 2 milhões foram vacinados na região
São Paulo suspende vacinação contra febre amarela para investigar reações
ANA PAULA SCINOCCA
free-lance para a Folha Campinas
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo decidiu ontem
interromper temporariamente a
vacinação de rotina contra a febre amarela no Estado. A decisão foi motivada pela morte de
uma paciente em Campinas
(SP), que contraiu febre amarela
vacinal depois de ter tomado a
vacina.
Segundo nota da secretaria, o
caso é "extremamente raro". A
suspensão da vacinação de rotina se mantém até o Estado descobrir o que houve. A vacina
continuará a ser dada a quem for
para áreas de risco da doença. A
vacina continua sendo recomendada como proteção.
Jarbas Barbosa, diretor do
Centro Nacional de Epidemiologia da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), informou que na
próxima segunda-feira vai se
reunir com técnicos da Funasa
para avaliar as medidas que serão tomadas no resto do país.
"Provavelmente adotaremos a
mesma posição de São Paulo,
mantendo a vacinação apenas
para quem visitar ou morar em
áreas endêmicas".
Barbosa diz que a vacina é segura. "Esse caso não muda a
nossa concepção de que a vacina
é extremamente segura e eficaz",
diz.
Na região de Campinas, foram
vacinados desde o início do ano
2 milhões de pessoas, e só houve
esse caso de reação à vacina.
O Instituto Adolfo Lutz divulgou ontem laudo confirmando
que a costureira Kate Cristina
Ramos, 22, morreu em 27 de fevereiro em decorrência de complicações de febre amarela, 11
dias depois de ter sido vacinada
contra a doença. Ela morava em
Americana (133 km a noroeste
de São Paulo).
A vacina da febre amarela é
composta pelo próprio vírus da
febre amarela, só que atenuado.
O laudo do Adolfo Lutz apontou que o vírus readquiriu, de alguma forma, suas propriedades
levando a paciente à morte.
O laudo apontou que Kate não
tinha indicações de ter contraído
a doença em nenhuma região do
Brasil.
A família de Kate diz que ela
começou a apresentar reação à
vacina quatro dias após receber
a dose. Ela teve dor de cabeça,
olhos amarelados e sangramento interno.
Segundo a Secretaria da Saúde,
a partir de agora devem se vacinar apenas pessoas que estejam
em viagem para áreas onde a febre amarela é endêmica -regiões Norte, Centro Oeste e parte
do Maranhão.
De acordo com o secretário da
Saúde, José da Silva Guedes, vai
ser criada uma comissão para fazer uma avaliação aprofundada
desse caso. Esse é o segundo caso
do tipo documentado no mundo. O primeiro ocorreu em
Goiânia em dezembro passado
quando uma criança de 5 anos
morreu oito após receber uma
dose da vacina.
Segundo a Funasa, o exame
dessa criança sugeriu que era ela
imunodeprimida (tinha deficiência no sistema imunológico). Pessoas com esse problema
não devem tomar a vacina.
A diferença para o caso atual é
que Kate parece não ter nenhum
antecedente de imunodepressão. O lote da vacina que Kate recebeu (995fb029z) possuía
1.039.750 doses.
Cinquenta mil doses desse lote
ainda estão estocadas, mas segundo Guedes não serão utilizadas. Ele nega que possa haver
qualquer problema na fabricação da vacina.
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