Campinas, Sábado, 11 de Março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Benefícios superam riscos, dizem médicos

AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local

A decisão oficial de suspender a vacinação da febre amarela no Estado de São Paulo não mudou em nada a posição dos especialistas: os benefícios trazidos pela vacina continuam superando todos os riscos, de longe.
Apenas para um grupo muito pequeno de pessoas, a vacinação é contra-indicada: são aqueles pacientes imunodeprimidos, com as defesas do organismo debilitadas.
Essa regra vale para todas as vacinas feitas a partir do vírus vivo, como é o caso da febre amarela, da catapora (ou varicela) e do sarampo, entre outras doenças.
Mesmo atenuado, este vírus vacinal -como é chamado- "pode provocar reações em organismos que estejam com suas defesas comprometidas", diz a médica Marta Heloisa Lopes, responsável pelo centro de imunização de São Paulo.
Entre aqueles que devem evitar a vacina estão os pacientes com câncer que se encontram sob tratamento quimioterápico. Este tipo de terapia reduz muito as defesas. Também não devem ser vacinados os transplantados, porque utilizam medicamentos imunodepressores, e adultos com Aids com número de linfócitos de defesa (CD-4) abaixo de 400. Crianças com HIV necessitam de monitoração laboratorial.
Segundo Marta, pacientes que tomam corticóides em doses altas e por tempo prolongado também não devem tomar as vacinas de vírus vivo. Todos esses pacientes, em geral, estão sob acompanhamento médico e devidamente alertados.
A vacina pode ser tomada por crianças a partir dos seis meses e não há restrições para idosos.
Pessoas que estiverem com febre, e que não se encontram em áreas de risco para a doença, devem adiar a vacina por alguns dias. A espera é apenas uma questão de conforto, já que a vacina pode provocar uma reação febril.
"A suspensão da vacina no Estado é uma pausa para se pesquisar o que está acontecendo", diz o infectologista Guido Levi, diretor do Hospital Emílio Ribas. Como não há casos originários do Estado, as autoridades podem tomar esse cuidado sem colocar as pessoas em risco.
O que está intrigando os médicos é o fato de as duas vítimas não serem imunodeprimidas. A cepa desse vírus atenuado é a mesma utilizada há mais de 50 anos.
Guido Levi diz não conhecer registros na literatura de vírus vacinal que tenha se transmutado em vírus selvagem. Se não houve mudança no vírus -como se comprovou por decodificação genética-, o problema estaria no organismo das vítimas. Embora esse mistério ainda perdure, os especialistas insistem que a vacina da febre amarela é muito segura e que deve ser obrigatória para quem viaja para regiões onde há casos da doença.


Texto Anterior: Saúde: São Paulo suspende vacinação contra febre amarela para investigar reações
Próximo Texto: Produção é 100% nacional desde 1944
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.