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Benefícios superam riscos, dizem médicos
AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local
A decisão oficial de suspender a
vacinação da febre amarela no Estado de São Paulo não mudou em
nada a posição dos especialistas:
os benefícios trazidos pela vacina
continuam superando todos os
riscos, de longe.
Apenas para um grupo muito
pequeno de pessoas, a vacinação é
contra-indicada: são aqueles pacientes imunodeprimidos, com as
defesas do organismo debilitadas.
Essa regra vale para todas as vacinas feitas a partir do vírus vivo,
como é o caso da febre amarela,
da catapora (ou varicela) e do sarampo, entre outras doenças.
Mesmo atenuado, este vírus vacinal -como é chamado- "pode provocar reações em organismos que estejam com suas defesas comprometidas", diz a médica Marta Heloisa Lopes, responsável pelo centro de imunização
de São Paulo.
Entre aqueles que devem evitar
a vacina estão os pacientes com
câncer que se encontram sob tratamento quimioterápico. Este tipo de terapia reduz muito as defesas. Também não devem ser vacinados os transplantados, porque
utilizam medicamentos imunodepressores, e adultos com Aids
com número de linfócitos de defesa (CD-4) abaixo de 400. Crianças com HIV necessitam de monitoração laboratorial.
Segundo Marta, pacientes que
tomam corticóides em doses altas
e por tempo prolongado também
não devem tomar as vacinas de
vírus vivo. Todos esses pacientes,
em geral, estão sob acompanhamento médico e devidamente
alertados.
A vacina pode ser tomada por
crianças a partir dos seis meses e
não há restrições para idosos.
Pessoas que estiverem com febre, e que não se encontram em
áreas de risco para a doença, devem adiar a vacina por alguns
dias. A espera é apenas uma questão de conforto, já que a vacina
pode provocar uma reação febril.
"A suspensão da vacina no Estado é uma pausa para se pesquisar
o que está acontecendo", diz o infectologista Guido Levi, diretor
do Hospital Emílio Ribas. Como
não há casos originários do Estado, as autoridades podem tomar
esse cuidado sem colocar as pessoas em risco.
O que está intrigando os médicos é o fato de as duas vítimas não
serem imunodeprimidas. A cepa
desse vírus atenuado é a mesma
utilizada há mais de 50 anos.
Guido Levi diz não conhecer registros na literatura de vírus vacinal que tenha se transmutado em
vírus selvagem. Se não houve mudança no vírus -como se comprovou por decodificação genética-, o problema estaria no organismo das vítimas. Embora esse
mistério ainda perdure, os especialistas insistem que a vacina da
febre amarela é muito segura e
que deve ser obrigatória para
quem viaja para regiões onde há
casos da doença.
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