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VIOLÊNCIA
Três empresas de ônibus que operam na Rodoviária de Campinas usam equipamento para tentar coibir assaltos
Empresas adotam detector de metais
LUCIANO CALAFIORI
DA FOLHA CAMPINAS
ANA PAULA MARGARIDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
Pelo menos três empresas de
ônibus que operam em São Paulo
e Minas Gerais estão usando detectores de metais nos passageiros
e nas bagagens para encontrar armas e coibir assaltos em linhas intermunicipais.
As empresas Danúbio Azul,
Nasser e Cometa adotaram a medida há um mês em Campinas,
depois de constatarem a média de
pelo menos um assalto por mês
durante as viagens.
Em São Paulo, o sistema foi implantado no início do ano.
Na plataforma de embarque,
um funcionário da empresa que
fica na porta do ônibus revista o
passageiro viajante e sua bagagem
com o detector de metais.
O gerente operacional da Viação Nasser, Dirceu Pereira Lopes,
afirmou que a implantação do sistema fez com que os assaltos caíssem de um por mês para zero nos
últimos meses.
"Já encontramos facas e ferramentas nas bagagens dos passageiros. Aí orientamos que não é
bom eles carregarem este tipo de
metal na bagagem", disse Lopes.
De acordo com o gerente de tráfego da empresa Danúbio Azul,
em São Paulo, Antoninho de Souza, mesmo com a média baixa de
assaltos na empresa em Campinas, o sistema também foi implantado na região.
De acordo com a administração
da Rodoviária de Campinas, pelo
menos 15 mil pessoas circulam
pelo terminal todos os dias, sendo
que 9.000 embarcam. Sessenta
empresas operam no transporte
intermunicipal na cidade.
Apesar do sistema de segurança
implementado nos terminais,
parte dos assaltos ocorrem quando o assaltante sobe no ônibus em
pontos fora da rodoviária, segundo a polícia.
O estudante universitário Evandro Geoghi foi assaltado há cerca
de um mês em um ônibus da viação Danúbio Azul. Ele viaja todos
os dias entre Campinas a Araras
(74 km de Campinas).
"Acho que o detector não
adianta nada, porque quando fui
assaltado, os assaltantes entraram
no meio do caminho", afirmou o
estudante.
Para o delegado Fernando Trigueiros, a medida pode provocar
reações adversas no passageiro
que estiver armado.
"Ou ele foge ou saca a arma",
disse o delegado.
Trigueiros afirmou que a medida pode tanto inibir como constranger o passageiro.
O advogado especialista em direito civil Aderbal da Cunha Bergo, presidente da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) em
Campinas, disse não vê como o
detector pode constranger o viajante.
Segundo Bergo, ao revistar um
passageiro, o transportador está
protegendo a coletividade.
Ele disse que se apóia no artigo
5º da Constituição Federal, que
diz que os interesses coletivos sobrepujam os individuais.
O advogado também cita o Código Civil, que impõe ao transportador responsabilidade pelo
transportado.
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