Campinas, Sexta-feira, 11 de Agosto de 2000


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VIOLÊNCIA
Três empresas de ônibus que operam na Rodoviária de Campinas usam equipamento para tentar coibir assaltos
Empresas adotam detector de metais

LUCIANO CALAFIORI
DA FOLHA CAMPINAS
ANA PAULA MARGARIDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

Pelo menos três empresas de ônibus que operam em São Paulo e Minas Gerais estão usando detectores de metais nos passageiros e nas bagagens para encontrar armas e coibir assaltos em linhas intermunicipais.
As empresas Danúbio Azul, Nasser e Cometa adotaram a medida há um mês em Campinas, depois de constatarem a média de pelo menos um assalto por mês durante as viagens.
Em São Paulo, o sistema foi implantado no início do ano.
Na plataforma de embarque, um funcionário da empresa que fica na porta do ônibus revista o passageiro viajante e sua bagagem com o detector de metais.
O gerente operacional da Viação Nasser, Dirceu Pereira Lopes, afirmou que a implantação do sistema fez com que os assaltos caíssem de um por mês para zero nos últimos meses.
"Já encontramos facas e ferramentas nas bagagens dos passageiros. Aí orientamos que não é bom eles carregarem este tipo de metal na bagagem", disse Lopes.
De acordo com o gerente de tráfego da empresa Danúbio Azul, em São Paulo, Antoninho de Souza, mesmo com a média baixa de assaltos na empresa em Campinas, o sistema também foi implantado na região.
De acordo com a administração da Rodoviária de Campinas, pelo menos 15 mil pessoas circulam pelo terminal todos os dias, sendo que 9.000 embarcam. Sessenta empresas operam no transporte intermunicipal na cidade.
Apesar do sistema de segurança implementado nos terminais, parte dos assaltos ocorrem quando o assaltante sobe no ônibus em pontos fora da rodoviária, segundo a polícia.
O estudante universitário Evandro Geoghi foi assaltado há cerca de um mês em um ônibus da viação Danúbio Azul. Ele viaja todos os dias entre Campinas a Araras (74 km de Campinas).
"Acho que o detector não adianta nada, porque quando fui assaltado, os assaltantes entraram no meio do caminho", afirmou o estudante.
Para o delegado Fernando Trigueiros, a medida pode provocar reações adversas no passageiro que estiver armado.
"Ou ele foge ou saca a arma", disse o delegado.
Trigueiros afirmou que a medida pode tanto inibir como constranger o passageiro.
O advogado especialista em direito civil Aderbal da Cunha Bergo, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Campinas, disse não vê como o detector pode constranger o viajante.
Segundo Bergo, ao revistar um passageiro, o transportador está protegendo a coletividade.
Ele disse que se apóia no artigo 5º da Constituição Federal, que diz que os interesses coletivos sobrepujam os individuais.
O advogado também cita o Código Civil, que impõe ao transportador responsabilidade pelo transportado.


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