Campinas, Sexta-feira, 11 de Agosto de 2000


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OUTRO LADO
Ex-governador Fleury diz não ter a "menor idéia" das contratações

DA REPORTAGEM LOCAL

O deputado Luiz Antônio Fleury Filho (PTB), que era governador de São Paulo em 1991, disse não ter a "menor idéia" do que pode ter ocorrido nas contratações de empresas para reformar cadeias do Estado.
"Quando eu era secretário de Segurança, determinei a descentralização das licitações. Assim, as polícias Civil e Militar passaram a cuidar de suas respectivas licitações. Não passava por mim, nem como secretário nem como governador. Não tenho nada a acrescentar", afirmou.
A Folha tentou falar com o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB), que era secretário de Segurança. Deixou recados com a assessoria de imprensa da presidência da Câmara e no celular particular do deputado. Ele não respondeu às mensagens até o fechamento desta edição, às 21h30.
O secretário Marco Vinicio Petrelluzzi informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não poderia falar à reportagem por causa de sua agenda.
A procuradora do Estado Ana Maria Rinaldi, que participou da sindicância que confirmou as irregularidades nos contratos, não quis se manifestar ontem a respeito das investigações.
O ex-delegado-geral Álvaro Luz Franco Pinto, 64 anos, admitiu a existência de irregularidades nas licitações, mas afirma que, se errou, foi por indução de outros funcionários.
Luz se defende dizendo que sua única intervenção nas obras públicas foi a assinatura dos contratos, que em 90% dos casos haviam sido licitados pelo seu antecessor.
"Não fiz a licitação, não expedi convites, não participei de nenhum ato. O fato de ter autorizado os pagamentos foi com base nos documentos apresentados pelo Centro de Engenharia. Se eles diziam que tal obra foi realizada, não tínhamos como contestar essa afirmação."
Ele afirma que na época os responsáveis pelo Centro de Engenharia da Polícia Civil, os engenheiros Reginaldo Passos e Acácio Kato, eram pessoas respeitadas que tocavam todas as obras e que não havia motivo para nenhuma desconfiança.
A dentista Maria Valnice Vidal Barreto, por telefone, de seu consultório, às 17h de ontem, disse à Folha que jamais soube de detalhes das ações de construtora B&Z, da qual confirmou ser sócia.
"Mas não sei de nada e a empresa está inativa há muito tempo", disse ela. "Sempre fui dentista. Não tinha outra profissão". Ela não quis revelar o nome do ex-sócio nem fornecer mais informações sobre a empresa.
A reportagem não localizou os engenheiros Acácio Kato e Reginaldo Passos. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança, o Deplan, de onde foram exonerados, não existe mais.
O delegado Carlos Eduardo Benito Jorge, da Divisão de Inquéritos da Corregedoria, informou que vários inquéritos foram encaminhados para a Justiça constando essas irregularidades, mas não deu nenhum detalhe dos casos.


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