Campinas, Quinta, 12 de agosto de 1999

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SUSPEITA
Possível irregularidade em clínica de oftalmologia é investigada pela Secretaria Municipal da Saúde
Saúde apura cobrança irregular

RICARDO BRANDT
free-lance para a Folha Campinas

A Secretaria Municipal da Saúde de Campinas investiga a possível cobrança irregular de pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) pela Clínica de Olhos Raskin, em Campinas.
A Coordenadoria de Avaliação e Controle da secretaria abriu ontem um processo investigatório.
A medida foi tomada após a secretaria ter recebido denúncias de usuários do SUS.
Eles passaram por operações de pterígio (para a retirada de uma membrana do olho) e tiveram de fazer sessões de tratamento pós-operatório.
As sessões são cobertas pelo SUS e deveriam ser realizadas sem nenhuma cobrança.
A diretora do Departamento de Gestão e Planejamento, Cecília Piovezan, disse que os usuários afirmaram que a clínica estava cobrando R$ 30 para a realização de uma série de cinco sessões.
"Recebemos a denúncia de que estavam cobrando por algo pago pelo SUS", disse Cecília.
A diretora é responsável pelas investigações e afirmou ontem que dois auditores da secretaria estarão fazendo um levantamento nos registros de atendimento.
O levantamento é necessário para saber quantos atendimentos foram feitos pelo SUS e servirá de contraponto para a defesa da direção do instituto.

Outro Lado
O diretor clínico da Raskin, Simão Raskin, reconheceu que tenha cobrado de "alguns" pacientes pelas sessões.
No entanto, o diretor afirmou que fez a cobrança porque tinha excedido o limite do SUS.
Segundo a secretaria, a clínica tem convênio com dois hospitais, Beneficência Portuguesa e Albert Sabin, que não fazem atendimentos de oftalmologia.
Simão Raskin disse que o credenciamento do hospital Albert Sabin foi rompido há cerca de um mês.
A Secretaria da Saúde não confirmou a informação. Segundo Cecília, a clínica Raskin pode oferecer cerca de 750 sessões para os pacientes.
O diretor da clínica afirmou que atualmente o repasse do SUS cobre apenas 379 sessões.
Desde julho, as sessões cobertas pela verba do SUS foram reduzidas para 379, segundo disse Raskin.
"O que excede esse número está sendo cobrado", afirmou o diretor. Em junho, 431 sessões deixaram de ser pagas, de acordo com ele.
A diretora da secretaria disse que, mesmo que o número de atendimentos estivesse excedido, o procedimento de cobrança continua sendo ilegal.
"Se realmente houve excesso, a direção da clínica deveria ter comunicado à secretaria", afirmou Cecília.
Caso seja comprovada a cobrança ilegal, a Clínica Raskin perderá o convênio, segundo a segundo a secretaria.



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