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Abismo separa extremos da escala
DA FOLHA CAMPINAS
Como se verifica nas demais
grandes cidades, em Campinas é
visível o abismo que separa os
dois extremos da escala social.
Nas correntes migratórias
atuais também pode se perceber
os extremos da pirâmide social.
Vinda da Bahia após uma transferência conquistada em 92, a executiva da Robert Bosch Divisão
Bosch Freios Ivna Becker chegou
a Campinas em busca de ascensão
na carreira profissional e diz que
hoje não pensa em se mudar da
cidade.
"As pessoas podem até não perceber, mas Campinas tem boa
educação e tem um trabalho comunitário importante", disse.
Ivna acredita que as migrações
enriquecem a cidade, pois "reciclam os valores e abrem oportunidades para o mercado".
No lado inverso da estratificação de classes sociais, está o catador Teófilo Orlando Serra, 75, que
chegou da Bahia há três anos e diz
que trabalhou "em todo tipo de
serviço".
Em busca de condições melhores de vida, saiu do nordeste em
direção a Campinas, onde conseguiu um barraco na maior área de
ocupação, o Parque Oziel.
Hoje, empurra todo dia uma
carriola pelas ruas da cidade catando papelão e outros materiais
para vender para um ferro-velho.
Oferta
A boa oferta das indústrias, que
chegavam na cidade e ainda dependiam quase que totalmente da
mão-de-obra em suas linhas de
produção, impulsionou as frentes
migratórias que, na década de 70,
chegavam a Campinas em busca
de emprego e condições melhores
de vida.
Com a mecanização da indústria e recentemente a robotização,
o perfil do migrante de Campinas
mudou.
Segundo a pesquisadora do Nepo da Unicamp, Rosana Baeninger, o perfil do migrante hoje basicamente pode ser dividido em
dois. Entre as migrações interestaduais, destacam-se nordestinos
e pessoas com nível superior de
ensino, consideradas mão-de-obra especializada.
Segundo ela, os primeiros trabalham no mercado informal. Os
especializados chegam com vaga
definida no mercado e são disputados pelas empresas locais.
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