Campinas, Sábado, 14 de Julho de 2001

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VIOLÊNCIA
Os 129 detentos da cadeia da cidade se amotinaram após tentativa frustrada de fuga; carcereira feriu-se durante motim
Rebelião de 5 h deixa um ferido em Sumaré

ADEMAR MARTINS FERREIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

Os 129 presos da Cadeia de Sumaré (28 km de Campinas) fizeram um carcereiro refém e se rebelaram por cinco horas ontem, após tentativa frustrada de fuga. No motim, que destruiu parcialmente a unidade, uma carcereira ficou ferida.
Segundo o diretor da cadeia, Pedro Cortegoso, 34, a rebelião começou por volta das 9h de ontem. Armados com um revólver, os presos dominaram o carcereiro Moisés Garcia quando ele abria as celas para o banho de sol.
Com o carcereiro feito refém, os detentos tentaram obrigar uma carcereira a abrir as duas grades que dão acesso à rua para promover uma fuga em massa.
Quando a carcereira iria abrir a primeira das grades, ela pulou atrás de uma mesa e acionou a segurança externa, segundo o diretor da cadeia. Na ação, ela feriu o braço e a mão direitos.
Os detentos deram dois tiros, mas não acertaram a carcereira, que acionou o alarme. Impedidos de fugir, os presos iniciaram a rebelião, quebrando camas e queimando colchões.
Durante o motim, os presos rebelados pegaram dois revólveres e uma espingarda calibre 12 usados pelos carcereiros.
Cerca de cem policiais da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) e do POE (Pelotão de Operações Especiais), da Polícia Militar de Americana, ficaram de prontidão em frente à cadeia.
Por volta das 12h30, começou uma reunião entre a direção da cadeia e dois representantes dos presos amotinados, conhecidos como Carlos e Moacir, segundo o delegado da DIG de Americana, Cláudio Eduardo Navarro.
Por volta das 13h30, os presos decidiram liberar o carcereiro e entregar as armas. Os detentos devem ser transferidos hoje devido à superlotação da unidade. A secretaria da Segurança Pública vai definir o local, segundo o delegado. O nome da carcereira não foi divulgado. O diretor da cadeia informou que vai abrir inquérito para apurar a entrada da arma nas celas.
Ao fim da rebelião, os presos reclamaram que chegam a ficar seis dias sem sair de suas celas e que não têm acesso à TV desde dezembro do ano passado.
Outras reclamações dos detentos são quanto à morosidade da Justiça e à precariedade do atendimento de saúde dentro do presídio. O diretor da Cadeia de Sumaré disse que os presos reclamam sem motivo. "Os presos não saem para o banho de sol nos fins de semana por causa do pequeno efetivo para fazer a segurança", disse Pedro Cortegoso. A cadeia tem capacidade para 24 detentos.


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