Campinas, Sábado, 14 de Julho de 2001

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CAMPINAS, 227 ANOS
Região norte da cidade abriga diversas empresas e um centro de pesquisas do setor de alta tecnologia
Região é considerada o "Vale do Silício"

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Um novo centro de desenvolvimento passou a ser formado na década de 90 na alça norte da malha rodoviária de Campinas, com a instalação de empresas de alta tecnologia, abertura de condomínios e loteamentos de classe alta e um novo shopping center.
A região norte da cidade, ao lado do parque industrial de Jaguariúna (29 km de Campinas), por causa das empresas, é chamada de Vale do Silício brasileiro.
A denominação é uma referência à região do Estado da Califórnia que concentra as empresas de informática dos EUA, onde os fabricantes de computadores, programadores e empreendedores da internet definem os rumos da nova economia mundial.
A consolidação do novo pólo de alta tecnologia é estimulada pela retomada das obras do anel viário, que prevê ligação da rodovia D. Pedro 1º com o sistema Anhanguera/Bandeirantes.
A região norte de Campinas ainda tem os campi da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), além de centros de desenvolvimento de tecnologia como o CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento) e o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron.
O Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) estima em cerca de R$ 2 bilhões o total de investimentos trazidos para Campinas e região no setor de informática e telecomunicações, desde 1995.
Outro estímulo para a instalação dessas empresas foi a privatização do sistema de telefonia, em 1998. Com a perda do mercado cativo mantido com a Telebrás, o CPqD foi obrigado a redirecionar seu trabalho, ameaçado pela concorrência das multinacionais instaladas na vizinhança.
Levantamento da Secretaria Municipal de Cooperação Internacional concluiu que São José dos Campos, no Vale do Paraíba, recebeu o dobro dos investimentos "per capita" recebidos por Campinas, segundo o secretário Rogério Cezar de Cerqueira Leite.
Segundo ele, a cidade recebeu cerca de US$ 920 milhões nos últimos dois anos. Os investimentos "per capita" feitos em Jaguariúna, segundo o estudo, também superam Campinas, sede da RMC (Região Metropolitana de Campinas).
Jaguariúna recebeu 45 vezes mais investimentos do que Campinas, segundo Leite.
As cidades que ocupam a área da RMC movimentam anualmente pelo menos R$ 17,2 bilhões -10,26% do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado.
Campinas tem um Orçamento de R$ 764 milhões para este ano e arrecada R$ 220 milhões por ano com ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Ao todo, a cidade tem cerca de 50 multinacionais e 400 outras empresas, que movimentam R$ 60 bilhões ao ano.
Um pacote de medidas na área fiscal deve contemplar as áreas de informática, telecomunicações, química fina e biologia molecular, segundo a prefeitura.
A oferta de benefícios fiscais é coibida pela LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), que exige da prefeitura a indicação de fontes alternativas para casos de "renúncia" fiscal.
O sociólogo do trabalho e professor da Unicamp Ricardo Antunes disse que as empresas da nova economia trabalham com decisões muito rápidas, como a possibilidade de transferir suas unidades para outros países.
"As decisões são conferidas nas bolsas de valores, que registram os fluxos de capital de um centro para outro", disse.


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