Campinas, Domingo, 15 de agosto de 1999

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Ex-detento sofre com o preconceito

free-lance para a Folha Campinas

O gerente administrativo da Sanito Indústria e Comércio Ltda., Cláudio Marques, disse acreditar que a falta de divulgação na mídia sobre o trabalho de presos ajuda na formação do preconceito dos que já cumpriram pena.
"Esse tipo de trabalho que os presos fazem deveria ser mais explorado pela mídia. Esse nosso exemplo serve para a redução da violência", disse Marques.
O diretor-geral do Presídio Professor Ataliba Nogueira, Marco Antonio Feitosa, disse acreditar existir ainda o preconceito de empresas diante de um ex-presidiário.
Segundo Feitosa, não há uma estatística sobre quantos ex-detentos voltam ao crime, mas na opinião dele, quem não arruma emprego após a pena tem a tendência maior de reincidência.
"A tendência é que muitos deles arrumam emprego porque saem daqui com um ritmo de trabalho familiarizado, mas há o problema do preconceito social", disse o diretor-geral.
Na maioria das vezes, é a direção da unidade de reclusão quem procura os empresários para o convênio.
Aceito pela empresa, o interno passa por uma série de entrevistas de equipe multidisciplinar para saber se está apto a trabalhar dentro ou fora do presídio.
Se o detento não está empregado nas empresas, ele trabalha na manutenção da unidade.
Assim que chega ao Ataliba Nogueira, o interno recebe sua função interna em no máximo três dias.
Ocupação
Para o presidiário Osório Lopes, se após o cumprimento da pena alguém der chances para um ex-detento mostrar quem é, o preconceito é vencido.
"Se você mostrar quem é, não tem preconceito", disse.
O detento Carlos Marcos Miguel, 40, disse ver o preconceito de outra forma.
Para ele, nem todo mundo vê com bons olhos alguém com o passado marcado por um crime.
Miguel tem uma oficina mecânica para administrar quando conquistar a liberdade.



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