Campinas, Terça, 18 de agosto de 1998

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SAÚDE
Hospital de Clínicas da Unicamp consegue fazer cirurgia três anos depois da implantação de programa próprio
Campinas faz 1º transplante de coração

CHIQUINO JÚNIOR
da Reportagem Local

O Hospital de Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) realizou ontem de madrugada o primeiro transplante de coração de Campinas, três anos após implantar o programa específico para esse tipo de cirurgia.
A cirurgia durou quatro horas e meia. A operação começou às 2h e o transplante foi feito às 4h. A paciente deixou o centro cirúrgico às 6h30 e passa bem.
A transplantada é a dona-de-casa Regina de Oliveira, 26, de Campinas. Segundo os médicos, ela deve receber alta em 15 dias.
De acordo com o chefe da Cardiologia do HC, Eduardo Arantes Nogueira, 53, todo o procedimento foi considerado normal.
Regina vai ficar em observação médica por causa da possibilidade de algum tipo de rejeição física ao órgão transplantado. Nogueira disse que não há prazo para que ocorra esse tipo de reação.
Regina aguardava por um transplante havia um ano. Ela sofria de cardiomiopatia. A doença é caracterizada por um enfraquecimento do músculo do coração, que se dilata e não bombeia o sangue de maneira ideal.
Os portadores da doença se sentem cansados e ficam com as pernas inchadas. A insuficiência cardíaca pode levar à morte.
Nos últimos seis meses, Regina foi internada com frequência. "Ela ficava em casa um dia e passava outros internada", disse o médico Orlando Petrucci Júnior, 32, da equipe médica do HC.
Ele afirmou que Regina adquiriu cardiomiopatia durante o parto, há um ano.
O doador foi um homem de 29 anos. O fígado foi aproveitado em outro paciente no HC e as córneas também serão transplantadas.
O HC da Unicamp informou que está apto a realizar novos transplantes de coração.
Regina estava na posição número 34 na lista de espera do Estado de São Paulo. Os pacientes que estavam a sua frente não tinham características compatíveis com o órgão doado, segundo os médicos.

Lista própria
Com esse primeiro transplante, o HC da Unicamp vai montar sua própria lista de espera para transplante de coração.
O superintendente do hospital, Paulo Eduardo Rodrigues da Silva, disse não ter expectativa de quantos pacientes vão compor a fila de espera. Atualmente, o cadastro estadual -atualizado em julho- reúne 78 pacientes.
De acordo com Petrucci Júnior, a lista é pequena porque parte dos pacientes morre enquanto aguarda um órgão. No Brasil, cerca de 20% dos pacientes morrem na fila.
No caso de transplantes renais, em que os pacientes podem ser mantidos vivos por meio de hemodiálise, a fila é de 5.827 pessoas.



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