Campinas, Quinta-feira, 19 de Abril de 2001

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CRISE CARCERÁRIA
Ele quer protestar contra a superlotação de cadeia e da Febem
Padre incentiva greve de fome

Ricardo de Lima/Folha Imagem
O padre Nelson Ferreira de Campos fala ao microfone em protesto do MST em Campinas


FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

O padre Nelson Ferreira de Campos, líder religioso da paróquia Santa Luzia, em Campinas, disse ontem que vai incentivar uma greve de fome de religiosos e presos do 2º DP (Distrito Policial), em protesto contra a superlotação da cadeia e das duas unidades da Febem da cidade.
A greve será feita para pressionar o Estado pela abertura de uma nova unidade da Febem no município e pela melhoria de condições dos presos na cadeia.
Hoje, às 14h, o padre reza uma missa em frente ao 2º DP e anuncia a sua greve de fome, que tem início amanhã.
Ele também afirmou que vai pedir às pastorais da cidade que promovam uma série de protestos em frente aos presídios, entre eles uma "barreira humana", para evitar a entrada de detentos na cadeia pública.
"Estou em contato com os presos da cadeia do 2º DP e eles podem aderir à greve de fome, pois a situação lá está insuportável. Tanto a cadeia quanto as unidades da Febem se transformaram em verdadeiros lixões humanos", disse.
Segundo padre Nelson, os adolescentes da Febem não serão convocados a aderir à greve de fome. Ele também afirmou que não incentivará rebeliões nas unidades prisionais, para evitar represálias da direção dos prédios e uma ação violenta da polícia contra os presos.
A greve de fome do padre começa amanhã, independentemente de ela ser seguida por presos e membros de pastorais.
"Só termino a minha greve de fome se obtiver uma resposta das autoridades estaduais. A prefeitura também pode brigar pela Febem. Precisamos assumir a responsabilidade por nossos adolescentes, lutando por uma nova unidade na cidade."
A maior unidade da Febem existente em Campinas, o Internato Jequitibás, possui capacidade para abrigar 74 adolescentes, mas conta atualmente com 122 internos.
A UIP (Unidade de Internação Provisória) tem capacidade para 42 adolescentes e também sofre com a superpopulação. A Febem não informou quantos jovens estão na unidade.

Transferências
A direção da Febem informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que deve resolver o problema da superlotação com transferências de adolescentes até o final desta semana.
A cadeia do 2º DP mantém hoje 244 detentos, embora seja programada para abrigar 48.
O delegado-seccional de Campinas, Osmar Porcelli disse que busca amenizar o problema vivido pela cadeia com pedidos frequentes de transferências de presos.
Na última sexta-feira, 30 detentos do 2º DP foram transferidos para as penitenciárias 1, 2 e 3 de Hortolândia (20 km de Campinas).
A Secretaria de Estado da Segurança Pública pretende fechar a cadeia pública de Campinas em até dois anos. Os presos que estão no local ficarão abrigados em CDPs (Centros de Detenção Provisória), que estão sendo construídos em todo o Estado.


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