Campinas, Quarta, 20 de janeiro de 1999

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ECONOMIA
Medida, que atinge 250 trabalhadores, foi proposta ontem e pretende evitar demissões na Caterpillar
Empresa discute suspensão temporária

REBECA PAROLI
free-lance para a Folha Campinas

A Caterpillar de Piracicaba (80 km de Campinas), que produz tratores, propôs ontem ao Sindicato dos Metalúrgicos do município a suspensão do contrato de 250 trabalhadores por quatro meses, em reunião realizada na empresa.
Além disso, a Caterpillar quer ampliar o prazo do pagamento do débito ou crédito do banco de horas dos funcionários de quatro meses para um ano.
As medidas, segundo o presidente do sindicato, José Luiz Ribeiro, evitariam a demissão de cem funcionários.
Ribeiro afirmou que a suspensão do contrato está prevista na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
"Acredito que é a primeira empresa da região a pedir esse tipo de acordo ao sindicato", disse.
O sindicalista afirmou que, conforme a proposta da empresa, os trabalhadores suspensos fariam parte de um programa de treinamento em qualidade dentro da própria Caterpillar.
Mas, para o sindicalista, a proposta precisa ser melhor estudada. "Não temos a garantia de que os funcionários continuarão na empresa depois desse período de suspensão", afirmou.
O salário médio dos 2.500 funcionários da Caterpillar é de R$ 900 e o líquido R$ 770. Com a suspensão do contrato, o empregado passaria a receber R$ 465, sendo R$ 234 provenientes do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) do governo do Estado de São Paulo e R$ 231 da empresa.
O sindicalista disse que quer aumentar essa margem de pagamento da companhia. "Acredito que vai reduzir muito o salário", disse.
Em relação ao banco de horas, a empresa quer renovar o acordo de 18 meses, que acaba no próximo mês de julho, por mais dois anos.
O banco de horas estabelece que o funcionário trabalhe até 52 horas semanais, contra as 44 horas previstas no contrato. O excedente vai para o banco de horas, que é zerado a cada quatro meses. A empresa quer fazer o acerto anualmente.
Para as medidas entrarem em vigor é necessária a aprovação, em assembléia, da maioria dos funcionários.
As negociações com a empresa começaram ontem e continuarão amanhã. Na próxima segunda-feira, Ribeiro pretende fazer uma assembléia com os trabalhadores para apresentar as propostas.

Empresa
A Folha tentou contato com a assessoria de imprensa da Caterpillar ontem, logo após o término da reunião, mas ninguém se encontrava lá.
Na semana passada, a assessoria descartou a possibilidade de demissões, a longo prazo, de 700 funcionários e confirmou as negociações sobre o banco de horas.



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