Campinas, Quarta-feira, 23 de Maio de 2001

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SEGURANÇA
Em ação ousada, quadrilha dispara 250 tiros de metralhadora contra cadeia; motim de 7 horas deixou 8 feridos
PCC resgata 25 presos em Americana

Marcos Peron/Folha Imagem
Policiais observam furos de balas na parede e nas janelas na Cadeia de Americana após troca de tiros para resgate de presos, ontem


CLAUDIO LIZA JUNIOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

Em uma ação ousada, integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) resgataram 25 presos da Cadeia Pública de Americana (42 km de Campinas), entre eles um dos líderes estaduais da organização criminosa, Antônio Nunes Caetano, o Toninho Sharp.
O resgate ocorreu entre a noite de anteontem e madrugada de ontem. Além das fugas, a ação provocou uma rebelião, que durou sete horas, deixou oito presos feridos e destruiu parte da cadeia.
Parte da luz e da água da cadeia foi cortada durante a rebelião. A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as interrupções do fornecimento de energia e água no momento da ação.
Segundo a Polícia Militar, uma quadrilha formada por dez homens ligados ao PCC metralhou o lado externo da cadeia, por volta das 21h de anteontem. O objetivo da ação era Toninho Sharp.
Toninho Sharp foi levado pelo grupo. Eles fugiram em um Vectra, um Honda e uma picape.
No interior da cadeia, dois presos armados com revólveres renderam dois carcereiros e auxiliaram a entrada dos integrantes da quadrilha no local.
A polícia contou mais de 250 perfurações feitas por balas de fuzil e metralhadora na entrada da penitenciária, após a rebelião.
De acordo com o delegado-seccional de Americana, Roberto José Daer, além de investigar o corte de energia no local, uma sindicância administrativa vai apurar a entrada de armas na cadeia.
Toninho Sharp estava impossibilitado de andar, depois de ser atingido por um tiro nas costas pela PM em abril, e foi resgatado em uma cadeira de rodas. Ele havia sido preso no último dia 29 de abril, em Piracicaba, com o nome falso de Antônio Camargo Manso.
Os presos que saíram da cadeia na picape chegaram a trocar tiros com a PM na rodovia Anhanguera e atingiram um policial na perna. O policial foi encaminhado para atendimento médico no Hospital Municipal e passa bem.
Dois presos que fugiram durante o resgate foram recapturados. Os outros estavam foragidos até o início da noite de ontem.

Rebelião
Após o resgate, os presos que ficaram na cadeia iniciaram uma rebelião. Eles tentaram invadir o pavilhão B, onde estão os presos detidos por cometerem crimes hediondos.
Para impedir a invasão, os detentos do pavilhão atearam fogo em colchões. Pelo menos 50 homens das polícias Civil e Militar precisaram entrar na cadeia para conter os presos rebelados.
O confronto com a polícia deixou oito presos feridos levemente. Todos foram atendidos em hospitais da cidade.
O pavilhão B, o setor administrativo e a enfermaria da cadeia, ficaram completamente destruídos. A cadeia de Americana tem capacidade para abrigar 315 presos, mas mantinha 644 detentos antes da rebelião.


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