Campinas, Domingo, 23 de maio de 1999

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DIREITOS HUMANOS 2
Assessores do Senado começam a ouvir funcionários do Fórum na cidade para apurar denúncias
CPI apura tráfico de crianças em Jundiaí

da Folha Campinas

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Judiciário no Senado deve direcionar os trabalhos nas próximas semanas para investigar as denúncias de uma suposta rede de envio irregular de crianças de Jundiaí para o exterior, envolvendo pessoas de diversos setores da cidade.
A informação é do presidente da CPI, Ramez Tebet (PMDB).
Entre quinta-feira e sexta-feira, assessores da CPI estiveram em Jundiaí para obter o depoimento de funcionários do Fórum que trabalharam com o juiz Luiz Beethoven Giffoni Ferreira.
"A CPI está aprofundando suas investigações, apesar das dificuldades em ter acesso aos processos, justamente por serem segredo de Justiça", disse Tebet.
Os próximos passos da CPI podem ser a convocação da ex-promotora da Vara da Infância e da Juventude de Jundiaí Maria Inês Bicudo.
A quebra de sigilo da promotora e do Comej (Centro de Orientação do menor de Jundiaí) já foi pedida pela CPI. "A promotora poderá ser convocada, caso a CPI ache necessário", disse Tebet.
A quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal do juiz Luiz Beethoven Giffoni Ferreira também foi aprovado pela CPI na semana passada.
Segundo o presidente da CPI, o juiz já aceitou depor na comissão, mas a data ainda não foi definida. Há informações de que o depoimento do juiz deve acontecer nos próximos 15 dias.
Desde que Ferreira se tornou um dos alvos da CPI, sete depoimentos reforçaram as suspeitas contra ele no Senado.
No primeiro depoimento, o advogado Marco Antônio Colagrossi disse à CPI que o juiz forjava provas e agia de forma arbitrária na quebra do pátrio poder de famílias de Jundiaí.
No depoimento seguinte, duas mães confirmaram as denúncias e disseram que o juiz teria tomado seus filhos. A procuradora Maria Dolores Maçano disse ter encontrado irregularidades nos 14 processos analisados de destituição do pátrio poder.
A médica Marisa Viotti confirmou a suposta arbitrariedade do juiz ao dar ordem para retirada de um recém nascido de sua mãe.
O deputado estadual Renato Simões (PT) e o jornalista Mário Simas, da revista "Isto'é" também confirmaram irregularidades.



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