|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ECONOMIA
Reajustes ultrapassam a inflação registrada pelo IPC/Fipe nos cinco anos de criação do real, que foi de 58%
Tarifas elevam custo da cesta básica
ROGER MARZOCHI
free-lance para a Folha Campinas
Cinco anos após a criação do
real, as tarifas públicas de Campinas (água, energia elétrica, gás e
transporte) subiram 121,05%. O
índice corresponde ao dobro da
inflação, de 58%, registrada pelo
IPC/Fipe (Índice de Preços ao
Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) no
período.
As tarifas públicas foram as "vilãs" da cesta básica, que no período teve um aumento de 55%. A taxa só não superou a inflação em
decorrência do aumento de 32%
nos alimentos, segundo o economista da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica), Cândido Ferreira da Silva, responsável
pelo levantamento.
Silva comparou o valor da cesta
básica de julho de 94, quando foi a
criado o real, com os números da
terceira semana deste mês.
O preço do botijão de gás de cozinha de 13 quilos teve um crescimento de 229,67% no período,
passando de R$ 4,18 para R$ 13,78
neste mês. Este foi o maior aumento entre as tarifas.
As tarifas de energia elétrica e
água subiram, respectivamente,
187,39% e 117,67%. A tarifa de ônibus subiu em média 100% no período. O estudo leva em consideração que o valor da passagem, que
já atingiu R$ 1,15, foi reduzido para
R$ 1,00. O custo das 50 passagens
gastas por mês subiu de R$ 23,13
em 94 para R$ 46,25 neste ano.
"A competição dos perueiros
com empresas de ônibus e a pressão sobre a administração pela redução da tarifa é que fizeram essa
queda no valor", disse Ferreira.
Os alimentos tiveram aumento
de 32% no período, valor inferior
ao registrado no ano passado,
quando o aumento foi de 38%, o
maior dos últimos cinco anos. Em
julho de 94, o trabalhador tinha
que desembolsar R$ 88,60 para
comprar os alimentos, enquanto
hoje o valor é de R$ 117,75.
"O Plano Real melhorou muito o
poder de compra do salário mínimo, mas o fator mais importante
foi o aumento da produção agrícola, que impediu grandes altas."
Em julho de 94 era necessário
1,87 salário mínimo para comprar
uma cesta básica. Na época, o valor
do salário era de R$ 64,79 e a cesta
R$ 120,99. Já neste mês, é preciso
de 1,38 salário mínimo para comprar a cesta de R$ 187,59. Hoje, o
mínimo é de R$ 136.
O preço do açúcar caiu 45,45%
no período. O café teve redução de
13,42%. Segundo Ferreira, a queda
é reflexo da alta produção dos dois
produtos.
A cesta básica da PUC é composta por 14 itens alimentícios, três de
higiene e quatro tarifas públicas. A
metodologia é baseada no decreto
lei 399 de 30 de abril de 1938.
A cesta é feita para uma família
com quatro pessoas, renda de cinco salários e deve garantir 2.300 calorias diárias para cada pessoa.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|