Campinas, Sexta, 25 de junho de 1999

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ECONOMIA
Reajustes ultrapassam a inflação registrada pelo IPC/Fipe nos cinco anos de criação do real, que foi de 58%
Tarifas elevam custo da cesta básica

ROGER MARZOCHI
free-lance para a Folha Campinas

Cinco anos após a criação do real, as tarifas públicas de Campinas (água, energia elétrica, gás e transporte) subiram 121,05%. O índice corresponde ao dobro da inflação, de 58%, registrada pelo IPC/Fipe (Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) no período.
As tarifas públicas foram as "vilãs" da cesta básica, que no período teve um aumento de 55%. A taxa só não superou a inflação em decorrência do aumento de 32% nos alimentos, segundo o economista da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica), Cândido Ferreira da Silva, responsável pelo levantamento.
Silva comparou o valor da cesta básica de julho de 94, quando foi a criado o real, com os números da terceira semana deste mês.
O preço do botijão de gás de cozinha de 13 quilos teve um crescimento de 229,67% no período, passando de R$ 4,18 para R$ 13,78 neste mês. Este foi o maior aumento entre as tarifas.
As tarifas de energia elétrica e água subiram, respectivamente, 187,39% e 117,67%. A tarifa de ônibus subiu em média 100% no período. O estudo leva em consideração que o valor da passagem, que já atingiu R$ 1,15, foi reduzido para R$ 1,00. O custo das 50 passagens gastas por mês subiu de R$ 23,13 em 94 para R$ 46,25 neste ano.
"A competição dos perueiros com empresas de ônibus e a pressão sobre a administração pela redução da tarifa é que fizeram essa queda no valor", disse Ferreira.
Os alimentos tiveram aumento de 32% no período, valor inferior ao registrado no ano passado, quando o aumento foi de 38%, o maior dos últimos cinco anos. Em julho de 94, o trabalhador tinha que desembolsar R$ 88,60 para comprar os alimentos, enquanto hoje o valor é de R$ 117,75.
"O Plano Real melhorou muito o poder de compra do salário mínimo, mas o fator mais importante foi o aumento da produção agrícola, que impediu grandes altas."
Em julho de 94 era necessário 1,87 salário mínimo para comprar uma cesta básica. Na época, o valor do salário era de R$ 64,79 e a cesta R$ 120,99. Já neste mês, é preciso de 1,38 salário mínimo para comprar a cesta de R$ 187,59. Hoje, o mínimo é de R$ 136.
O preço do açúcar caiu 45,45% no período. O café teve redução de 13,42%. Segundo Ferreira, a queda é reflexo da alta produção dos dois produtos.
A cesta básica da PUC é composta por 14 itens alimentícios, três de higiene e quatro tarifas públicas. A metodologia é baseada no decreto lei 399 de 30 de abril de 1938.
A cesta é feita para uma família com quatro pessoas, renda de cinco salários e deve garantir 2.300 calorias diárias para cada pessoa.



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