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ECONOMIA 2
Para o herdeiro da Gurgel, empresa faliu porque governadores do Ceará e São Paulo não cumpriram acordo
"Falência foi traição de governadores"
DA FOLHA CAMPINAS
A falência da holding Gurgel do
Brasil é encarada pelo herdeiro
natural do patrimônio e filho do
empresário João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, Fernando
do Amaral Gurgel, como resultado de uma "traição" dos governos
do Ceará e de São Paulo.
Morando em Curitiba (PR) e
trabalhando para uma empresa
automotiva, Fernando Gurgel, 42,
atribuiu o insucesso do pai aos ex-governadores Ciro Gomes (PPS,
na época PSDB), do Ceará, e Luiz
Antônio Fleury Filho (PTB, na
época PMDB), de São Paulo.
O acordo a que se refere Fernando Gurgel foi um protocolo de intenções firmados entre a Gurgel e
os dois Estados onde, diz ele, era
previsto "apoio irrestrito" ao Projeto Delta.
O projeto consolidava as intenções do velho Gurgel de conquistar a independência da tecnologia
brasileira no setor automotivo.
O acordo previa a construção da
Gurgel do Nordeste, uma fábrica
de motores, câmbios e peças motrizes, em Fortaleza (CE).
"Firmamos o acordo e por conta disso conseguimos empréstimos no Banespa e no BEC (Banco
do Estado do Ceará). Compramos
maquinário da Citroën, fizemos
um prédio e depois os acordos começaram a ser rompidos pelos
governos", disse Fernando.
A proposta de Gurgel era fazer
no Nordeste a produção da parte
motriz dos veículos e, em Rio Claro, as carrocerias. A empresa foi
construída, mas jamais ativada.
Segundo uma ação judicial da
Gurgel, a "colaboração irrestrita
afirmada no protocolo de intenções cessou com a assinatura do
documento e os discursos políticos nele baseados".
"O rompimento do acordo é o
ponto de partida da falência da
Gurgel", disse o síndico da massa
falida, Jaime Marangoni.
O ex-governador do Ceará e
presidenciável Ciro Gomes disse
que não se sente responsável pela
falência da Gurgel.
"A história contada por eles (família Gurgel) é sempre essa. O
que não contam é que tomaram
um empréstimo em nossos bancos e não pagaram", disse Ciro.
Segundo ele, a primeira medida
do acordo era um empréstimo de
US$ 3,5 milhões do BNB (Banco
do Nordeste Brasileiro), avalizado
pelo BEC. "A dívida não foi quitada e sobrou para o Estado. Então
rompemos o acordo".
O ex-governador de São Paulo
Luiz Antônio Fleury Filho não foi
localizado pela Folha. A reportagem também não falou com João
Augusto Conrado do Amaral
Gurgel, pois, segundo seu filho,
ele está doente.
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