Campinas, Domingo, 28 de Janeiro de 2001

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ECONOMIA 3
Polícia registrou 30 ocorrências de furto; dois seguranças são mortos após denunciarem assaltantes
Equipamentos são saqueados em Rio Claro

Valéria Abras/Folha Imagem
Vista da fachada da fábrica da Gurgel em Rio Claro, fechada definitivamente em 1996; equipamentos que restaram estão sendo saqueados


DA FOLHA CAMPINAS

Para agravar a falência da Gurgel, o prédio da fábrica em Rio Claro (76 km de Campinas) passou a ser alvo de assaltantes que invadem os galpões para roubar materiais e equipamentos.
São mais de 30 boletins de ocorrências registrados na Polícia Civil desde outubro do ano passado denunciando a invasão e o furto de materiais e equipamentos.
A onda de furtos na fábrica fechada da Gurgel passou a ser investigada pela polícia com maior atenção após o último dia 22 de dezembro, quando dois vigias que haviam testemunhado contra três assaltantes presos furtando equipamentos foram assassinados dentro do prédio.
Horácio Francisco das Neves, 51, e Dorazir Marcelino Pires, 58, foram encontrados pela manhã. Um deles levou um tiro e o outro foi asfixiado até a morte.
A delegada que investiga os casos de furto, Sueli Isler, do 1º DP (Distrito Policial), disse as ocorrências acontecem desde que a fábrica foi lacrada em 96, mas começaram a se intensificar em outubro do ano passado.
"No início os furtos eram pequenas quantidades de fios de cobre e pequenas ferramentas. Mas nos últimos meses os assaltantes passaram a chegar de caminhão por trás da fábrica e começaram a levar maquinário pesado", disse.
O material que era levado nos primeiros roubos não preocuparam o síndico da massa falida, o advogado Jaime Marangoni.
No entanto os furtos começaram a acontecer com maior frequência e os maquinários pesados passaram a ser levados.

Casos
Um dos primeiros casos que são investigados no assassinato dos dois vigias é o do furto de uma bobina interna de um transformador, registrada no dia 3 de outubro do ano passado.
Durante o furto, os assaltantes foram foram surpreendidos pelos seguranças. Na fuga deixaram as ferramentas usadas para arrombar os portões.
Dois dias depois uma nova invasão do prédio foi registrada. "Os assaltantes deixaram um recado escrito na parede dizendo que queriam as ferramentas de volta senão iriam dar "pipocos" (tiros)", disse a delegada.
No dia 8 de setembro, duas pessoas foram novamente surpreendidas pelos vigias da Gurgel. Um dos assaltantes sacou uma arma e eles conseguiram fugir.
Foi no dia 8 de dezembro que aconteceu o crime mais investigado no caso do homicídio.
Naquela noite, os vigias Neves e Pires acionaram a polícia, que prendeu três homens que estavam furtando uma máquina com a ajuda de um caminhão.
No dia foram presos João Alves de Oliveira, 31, Carlos Alexandre Leitão, 19, e Ricardo Alexandre Strube, 21 -todos de Limeira. Os acusados foram liberados pela Justiça quatro dias depois.
"O interessante é que os três assaltantes estavam vestidos com uniformes azul-escuro. Depois fizemos diligências", disse a delegada Sueli Isler.
No último dia 22 de dezembro, os dois vigias que haviam chamado a polícia e testemunhado no caso da prisão foram encontrados mortos dentro do prédio da Gurgel por outro vigia na hora da troca de turno.
"Tratamos de contratar uma empresa, a Protege, para intensificar a guarda no local", disse o síndico da massa falida Jaime Marangoni.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, José Carlos Pereira, 36, disse que atribui o abandono à demora na pendência judicial de leilão.


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