Campinas, Domingo, 28 de março de 1999

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Entidades afirmam que caso é policial

free-lance para a Folha Campinas

A assessora da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo Maria Amélia Almeida Teles, 54, membro da Comissão de Familiares de Desaparecidos Políticos, classifica o abandono das ossadas do cemitério de Perus como um "caso de polícia".
"É um desrespeito histórico o que está havendo. As famílias dessas pessoas merecem uma explicação digna. Já basta a humilhação da perseguição política que seus parentes sofreram", disse.
Ela esteve no ano passado na sala onde as ossadas estão depositadas no DML (Departamento de Medicina Legal) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
"O que explica essa morosidade é a falta de vontade política do governo estadual e das instituições envolvidas em esclarecer um período obscuro da história brasileira", afirmou.
Outra integrante da Comissão de Familiares, a enfermeira Criméia Almeida, 52, considera que a Unicamp "pecou" na condução das investigações. "A universidade tem um histórico de perseguição política que deveria ser lembrado como incentivo para um maior empenho dos peritos", afirmou.
Ela disse que o médico-legista Antônio Fortunato Badan Palhares tentou durante todo o tempo "atrapalhar" as perícias.
"O que não entendo é que, se a Unicamp não consegue resolver esse problema, porque não se empenha em se livrar dele", questionou.
Ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, o deputado estadual Renato Simões (PT) disse ter cobrado neste ano um posicionamento da Secretaria da Segurança sobre o caso das ossadas.
"O governo Covas tem demonstrado não ter interesse em identificar os mortos pela ditadura", afirmou. Ele disse que conversou com o secretário-adjunto da Pasta, Mário Papaterra Limongi, que teria dito desconhecer o relatório da comissão de transferência.



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