Campinas, Domingo, 28 de março de 1999

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DIREITOS HUMANOS 4
Grupo, formado para protestar contra as adoções realizadas por juiz da cidade, vai virar ONG
Mães de Jundiaí fazem vigília de um ano

MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas

O movimento "Mães da Praça do Fórum de Jundiaí", composto por cerca de 60 famílias que protestam contra adoções de crianças realizadas na cidade, completa amanhã uma vigília de 204 horas em 51 dias. A data comemora um ano de protestos.
O aniversário do movimento acontece uma semana após o afastamento do juiz Luiz Beethoven Giffoni Ferreira, acusado de irregularidades, da Vara da Infância e da Juventude.
O grupo alega ter perdido o pátrio poder das crianças de forma arbitrária em favor da adoção internacional. O Tribunal de Justiça, a Procuradoria de Justiça do Estado, a Polícia Federal e a Assembléia Legislativa de São Paulo investigam as denúncias.
A marca do aniversário de um ano será a transformação do movimento em uma ONG (Organização Não Governamental) nas próximas semanas.
As "mães" realizam amanhã um ato em frente ao Fórum, onde protestaram -sempre às segundas-feiras- contra o juiz e contra a ex-promotora da Vara de Infância, Inês de Oliveira Bicudo, também transferida para São Paulo.
Inês é investigada pela Corregedoria do Ministério Público.
A denúncia de irregularidades nos processos de adoções realizados em Jundiaí foi oficializada pelo advogado Marco Antônio Colagrossi, representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) na Comissão Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. A denúncia chegou ao TJ e ao Ministério Público em 25 de março do ano passado.
Quatro dias depois, o movimento foi fundado oficialmente. Desde então, elas realizam vigílias de, em média, quatro horas por dia na praça do Fórum.

Reversão
A Procuradoria Pública já protocolou no TJ o pedido de anulação de pelo menos 12 processos de destituição de pátrio poder.
A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado investiga também a suposta existência de uma conexão entre o juiz, a promotora e entidades internacionais de adoção.
Para a comissão, há indícios de irregularidades.
De acordo com Colagrossi, o juiz indicava crianças de Jundiaí para famílias européias, principalmente da Itália. "Atingimos metade dos objetivos com as transferências. Agora queremos que as crianças sejam devolvidas", disse.
O juiz e a promotora negam todas as acusações feitas contra eles. Apesar de terem sido transferidos de Jundiaí, nenhuma ligação com a adoção internacional foi provada. Em apenas um processo, o pedido de anulação da adoção foi aceito.



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