Campinas, Quarta-feira, 28 de Junho de 2000


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VIOLÊNCIA
Dois policiais militares são acusados de matar um adolescente na sauna do União Agrícola Barbarense em 99
PMs são condenados a 15 anos de prisão

LÍGIA MORELI
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

Os policiais militares Marco Antônio Dutra Silva e Sérgio Sanches Franceschine foram condenados ontem a 15 anos de prisão. Eles são acusados da morte do lancheiro Glederson Carlos Cruz, 18, no clube União Agrícola Barbarense, no dia 9 de janeiro do ano passado, em Santa Bárbara d'Oeste (51 km de Campinas).
Cruz foi assassinado com um tiro na nuca. Ele foi morto após pular o muro do clube.
Dois seguranças do União Agrícola Barbarense -Antônio Lima da Silva e Reinaldo Bernardo Ferreira- também foram julgados e absolvidos a pedido do promotor Gustavo dos Reis Gazola, de Sorocaba (SP).
Eles foram envolvidos no processo porque teriam participado da captura de Cruz.
Outros dois policiais militares, acusados de participar da ocultação do cadáver de Cruz, Dimas José Costa e Edmilson José Bueno, ainda não foram julgados porque entraram com recurso.
O crime foi considerado pelo ouvidor da Polícia do Estado, Benedito Mariano, como mais grave em termos de crueldade do que o caso da favela Naval, em Diadema.
Segundo testemunhas, Cruz tentou entrar em um baile noturno sem pagar e foi pego pelos PMs, que "faziam bico" de segurança do clube.
Segundo a polícia, os PMs levaram o lancheiro para a sauna do clube e, de acordo com o inquérito, o mataram com um tiro atrás da orelha direita.
Depois do assassinato, Silva e Sanches chamaram os outros dois policiais, que estavam em patrulhamento pela cidade, para ajudá-los a esconder o corpo.
O cadáver foi colocado em um saco plástico e jogado no rio Piracicaba, que passa por Santa Bárbara d'Oeste.
O corpo só foi encontrado três dias depois, em Artemis, distrito de Piracicaba (80 km de Campinas), e levado para o IML (Instituto Médico Legal) da cidade, onde foi identificado por uma família de Campinas como Cristiano da Silva, que estava desaparecido havia vários dias.
Depois da exumação do cadáver, ficou constatado que o corpo era de Cruz.
Segundo o promotor Gustavo dos Reis Gazola, os policiais Silva e Sanches foram condenados a 14 anos por homicídio e um ano por ocultação de cadáver.
O promotor disse que pediu a absolvição dos dois seguranças do clube por julgar que eles agiram obedecendo ordens dos policiais. "Não existem provas de que os seguranças tenham participado do assassinato", disse.
Os outros dois PMs que participaram da ocultação do cadáver ainda serão julgados e podem ser condenados a um ano de prisão.
A família do lancheiro entrou com ação indenizatória contra o Barbarense no valor de R$ 2 milhões. Segundo o clube, o pedido é de R$ 3,4 milhões.
Segundo o advogado do Barbarense, Marco Antônio Pizzolato, a ação da família está sendo contestada e o valor deverá ser revisto.
O clube alega que Cruz estava armado quando pulou o muro.


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