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VIOLÊNCIA
Dois policiais militares são acusados de matar um adolescente na sauna do União Agrícola Barbarense em 99
PMs são condenados a 15 anos de prisão
LÍGIA MORELI
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
Os policiais militares Marco Antônio Dutra Silva e Sérgio Sanches
Franceschine foram condenados
ontem a 15 anos de prisão. Eles
são acusados da morte do lancheiro Glederson Carlos Cruz, 18,
no clube União Agrícola Barbarense, no dia 9 de janeiro do ano
passado, em Santa Bárbara d'Oeste (51 km de Campinas).
Cruz foi assassinado com um tiro na nuca. Ele foi morto após pular o muro do clube.
Dois seguranças do União Agrícola Barbarense -Antônio Lima
da Silva e Reinaldo Bernardo Ferreira- também foram julgados e
absolvidos a pedido do promotor
Gustavo dos Reis Gazola, de Sorocaba (SP).
Eles foram envolvidos no processo porque teriam participado
da captura de Cruz.
Outros dois policiais militares,
acusados de participar da ocultação do cadáver de Cruz, Dimas José Costa e Edmilson José Bueno,
ainda não foram julgados porque
entraram com recurso.
O crime foi considerado pelo
ouvidor da Polícia do Estado, Benedito Mariano, como mais grave
em termos de crueldade do que o
caso da favela Naval, em Diadema.
Segundo testemunhas, Cruz
tentou entrar em um baile noturno sem pagar e foi pego pelos
PMs, que "faziam bico" de segurança do clube.
Segundo a polícia, os PMs levaram o lancheiro para a sauna do
clube e, de acordo com o inquérito, o mataram com um tiro atrás
da orelha direita.
Depois do assassinato, Silva e
Sanches chamaram os outros dois
policiais, que estavam em patrulhamento pela cidade, para ajudá-los a esconder o corpo.
O cadáver foi colocado em um
saco plástico e jogado no rio Piracicaba, que passa por Santa Bárbara d'Oeste.
O corpo só foi encontrado três
dias depois, em Artemis, distrito
de Piracicaba (80 km de Campinas), e levado para o IML (Instituto Médico Legal) da cidade, onde
foi identificado por uma família
de Campinas como Cristiano da
Silva, que estava desaparecido havia vários dias.
Depois da exumação do cadáver, ficou constatado que o corpo
era de Cruz.
Segundo o promotor Gustavo
dos Reis Gazola, os policiais Silva
e Sanches foram condenados a 14
anos por homicídio e um ano por
ocultação de cadáver.
O promotor disse que pediu a
absolvição dos dois seguranças do
clube por julgar que eles agiram
obedecendo ordens dos policiais.
"Não existem provas de que os seguranças tenham participado do
assassinato", disse.
Os outros dois PMs que participaram da ocultação do cadáver
ainda serão julgados e podem ser
condenados a um ano de prisão.
A família do lancheiro entrou
com ação indenizatória contra o
Barbarense no valor de R$ 2 milhões. Segundo o clube, o pedido é
de R$ 3,4 milhões.
Segundo o advogado do Barbarense, Marco Antônio Pizzolato, a
ação da família está sendo contestada e o valor deverá ser revisto.
O clube alega que Cruz estava
armado quando pulou o muro.
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