Campinas, Quarta-feira, 29 de Dezembro de 1999


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SEGURANÇA PÚBLICA
Pelo menos 3 pessoas ficaram feridas em confronto no pátio da Emdec; PM não interferiu
Guardas municipais atiram contra perueiros; Câmara vai apurar o caso

Gustavo Magnussom/"RAC"
Guardas municipais entram em confronto com perueiros durante confusão ocorrida ontem à tarde no pátio da Emdec


ELI FERNANDES
free-lance para a Folha Campinas

Pelo menos três pessoas ficaram feridas e seis foram detidas pela PM (Polícia Militar) ontem, durante um confronto entre a GM (Guarda Municipal) e cerca de cem perueiros em Campinas.
A Guarda Municipal atirou contra os perueiros, com balas comuns. O caso será investigado pela Câmara Municipal.
Cerca de 15 guardas municipais, dos 65 que atuaram na ação, portavam revólveres e atiraram contra os perueiros. Segundo a Guarda, os perueiros iniciaram o tiroteio. Ninguém foi baleado e vários veículos foram atingidos.
Os perueiros invadiram o pátio da Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas), no Jardim São José, e mantiveram a ocupação por oito horas. Eles protestavam contra as apreensões de peruas clandestinas pela Emdec.
O pátio foi invadido às 10h e o confronto aconteceu por volta das 18h.

Apuração
A Câmara Municipal e a Polícia Civil vão apurar o uso de armas de fogo pela GM na desocupação
Dois perueiros, Roberto Vieira, que levou uma pedrada na cabeça, e José Carlos Santana, que teve escoriações, foram internados. Um guarda, cujo nome não foi divulgado, foi internado. O secretário da Segurança, Ruyrillo Pedro de Magalhães, disse que há outros guardas feridos.
Ele não soube dizer quantos. Os hospitais da cidade não informaram sobre outros casos.
O presidente da Apac (Associação dos Perueiros Autônomos de Campinas), Rubens Fernandes, disse que faria um boletim de ocorrência contra a truculência da GM. Ele acusou os guardas de terem iniciado o tiroteio. Segundo a PM, nenhum perueiro foi detido portando arma.
A polícia e a Câmara devem usar, para apurar o caso, fitas de vídeo com imagens de guardas usando armas de fogo no local do confronto.
"Isso aqui virou praça de guerra. Não havia necessidade de violência", disse o perueiro André Cossolini. Ele contou que os guardas não deixavam os donos das peruas entrarem nos veículos para saír do local.
O tenente-coronel da PM Lúcio Ricardo de Oliveira, comandante do 35º Batalhão, disse vai pedir que sejam anexadas ao inquérito policial cópias de fitas de vídeo com imagens do caso.
As fitas também devem ser pedidas pela CEI (Comissão Especial de Inquérito) da Câmara que investiga denúncias de irregularidades e abuso de violência por parte dos guardas.
"Tinha muita gente aqui no local naquela hora", disse a perueira Maria de Fátima Pulino, que teve seu veículo atingido por tiros. "A gente queria sair do local, mas os policiais não deixavam", disse.
Ela afirmou que não pode sair porque os guardas atiravam contra os manifestantes.
"O uso da arma de fogo deve ser evitado. Não pude ver ainda se foi usada arma de fogo ou de balas de borracha", disse o tenente-coronel, após assistir um trecho da fita em que um guarda aparece disparando contra um perueiro.
Ele disse que não foi usada a Tropa de Choque da PM por tratar-se de manifestação pacífica.
O secretário da Segurança disse que a Guarda não usa balas de borracha e que a PM não atendeu ao seu pedido para que o prédio público fosse desocupado.


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